sábado, 24 de abril de 2010

Sobre o ataque do cangaceiro Sabino Gomes à cidade de Cajazeiras:

por C l e u d i m a r   F e r r e i r a



                                  
Afirmam alguns historiadores que pesquisam sobre a atuação do cangaço Nordestino, que em umas das andanças de Virgulino Ferreira da Silva - Lampião, à Juazeiro - Ceará, o Padre Cícero havia pedido ao mesmo que evitasse atacar a cidade de Cajazeiras, pois segundo ele, era uma terra abençoada, a qual existia um padre quase santo que era seu amigo e que tinha carinho e apreso ao mesmo. O religioso que Padre Cícero se referiu na conversa com Lampião, era o Padre Inácio de Sousa Rolim - o Padre Rolim. Fundador da cidade e do primeiro educandario escolar do sertão paraibano. 

Asseguram também esses mesmos estudiosos do assunto, que por volta de 1926, Padre Cícero - que naquela época além de ser anticomunista já misturava e confundia política com religião, teria aproveitado a lealdade que o rei do cangaço tinha a sua pessoa, e havia proposto a Lampião atacar a Coluna Prestes quando essa cruzasse o Nordeste. Em troca, o cangaceiro receberia uma patente de Capitão das Forças Patrióticas.

De fato, a história confirma que o acordo foi feito. O padre de Juazeiro juntamente com amigos donos de terras da Região do Cariri, equipou Lampião e seu bando com armas e munições. Relatam os historiadores, que Lampião recebeu as armas, as munições e a patente de Capitão mas nunca atacou Luís Carlos Prestes e seus seguidores, configurando-se na primeira e única traição do rei do cangaço ao Padre Cícero. Mas, seria talvez essa a primeira e única ludibriada do famoso justiceiro do sertão ao padre de Juazeiro?

O ataque do cangaceiro Sabino Gomes - seu lugar tenente (como próprio Lampião afirmou no dia 6 de março de 1926, em entrevista ao médico de Crato, Octacílio Macêdo), a cidade de Cajazeiras não seria a segunda traição de Lampião a Padre Cícero, já que esse fato ocorreu em 28 de setembro de 1926, oito meses após o encontro de Lampião com Padre Cícero e de ter sido entrevistado pelo médico Octacílio Macêdo?

Será que os motivos alegados por Sabino Gomes; os de que ia atacar a cidade para vigar uma emboscada que havia sofrido por policiais comandados pelo oficial Lourenço Dunga; se vingar também do ex-cangaceiro Raimundo Anastácio, que naquele momento tinha se aliado as autoridades da Cajazeiras; prender o Prefeito e o Engenheiro das Secas para pedir resgate, não seriam pretextos para justificar ou encobrir o que havia por traz do ataque?

Portanto, se os fatos registrados pela história forem reais, há alguns pontos neste episódio que merecem também uma reflexão pelos estudiosos do cangaço. Será que Sabino Gomes quando atacou a cidade de Cajazeiras, não estavam com ele na empreitada, cangaceiros pertencentes ao bando de Lampião? E para fazer frente à defesa montada pela população cajazeirense, Sabino e os comparsas não estavam também reforçados com as armas cedidas a Lampião para combater a Coluna Prestes?

Para finalizar, uma pergunta que não me deixa calado veio a minha mente: Se Lampião tinha tanto apreso ao Padre de Juazeiro, porque permitiu que o seu “braço direito” Sabino Gomes, invadisse Cajazeiras? Será que Lampião não sabia da invasão do cangaceiro a cidade? Ou sabia? E assim, para não ficar caracterizado a sua segunda pérfida ao seu Santo Padim Ciço, será que Lampião ao invés de atacar Cajazeiras, preferiu de forma poltrão, mandar o seu principal homem de confiança? Com a palavra os simpatizantes do assunto.


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