sábado, 4 de dezembro de 2010

Há 29 anos, Cajazeiras e Campina Grande fazia intercâmbio de Artes

por Cleudimar Ferreira



A arte produzida no interior do Estado da Paraíba, sempre foi tratada como algo irrelevante, desconhecido, sem definição estética necessária para o circuito das galerias e espaços oficiais. Isolada durante décadas, sem força, discriminada pelos poderes públicos que poderia servir de porta, para sua promoção e aproximação social com as camadas menos esclarecidas, ficou apenas restrita a espaços alternativos sem público, servindo de privilégio para poucos apreciadores identificados com o contexto de sua problemática.

Tentativas de mudar esse quadro foram feitas. No ano 1978, com o aval do Governo do Estado e apoio da UFPB, foi realizado nas dependências do Grêmio Artístico Cajazeirense, o I Salão Oficial de Arte Contemporânea. Uma manobra arrojada que arrebanhou e sedimentou nas paredes do Grêmio Artístico, artistas vindos de todos os lugares do estado. Uma forma de incentivar e encorajar a produção - principalmente a da cidade de Cajazeiras e alto sertão.

Anos depois - início da década de 80, no reitorado de Berilo Ramos Borba, veio à criação do Núcleo de Extensão Cultural do Campus V da UFPB, com a tarefa de promover e difundir a arte na cidade e região. Na coordenação de Artes Visuais do NEC, ficou a artista plástica Telma Rolim Cartaxo, recém-chegada de São Paulo. Durante o período em que esteve à frente do setor de artes, Telma realizou várias exposições com trabalhos produzidos pelos artistas cajazeirenses no Atelier de Artes do NEC.

Das coletivas feitas por ela, duas mereceu destaque. A primeira, realizada na cidade de São João do Rio do Peixe, durante a realização da Semana Universitária daquela cidade. A outra - talvez a mais importante de todas, pela quantidade dos trabalhos expostos e pelo caráter emblemático e importância regional, foi realizada entre os dias18 e 25 de novembro de 1981, na cidade de Campina Grande, no Museu de Arte Contemporânea da antiga Fundação Universidade Regional do Nordeste (FURNe).

A exposição coletiva foi um desencantamento e ao mesmo tempo uma resposta a imprensa paraibana, principalmente para os que escreviam sobre arte e cultura; que defendiam e achavam que arte na Paraíba só existia em Campina Grande e João Pessoa, como bem frisou Antônio Serafim Rêgo Filho no cataloga da exposição: “É sempre com imenso prazer que tomo conhecimento de novos valores no campo da expressão artística. Sobretudo quando, numa mesma oportunidade, expõem seus trabalhos artísticos de várias cidades paraibanas”. As palavras de Antônio Serafim expressavam a 29 anos atrás a mais profunda falta de conhecimento da existência da produção artística do interior Paraíba.

Nessa escuridão, uma luz precisava ser acesa para se ver melhor o futura da arte no interior paraibana. E foi a partir dessa exposição coletiva - chamada de Intercâmbio de Arte Cajazeiras - Campina Grande, que os promotores de cultura passaram a enxergar melhor e a dar mais importância a produção artística do interior do Estado, principalmente a produzida em Cajazeiras.



ARTISTAS DE CAJAZEIRAS QUE PARTICIPARAM DESSE INTERCÂMBIO DE ARTES:
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Aldacira Pereira, Marcelo Braga, Leão Carlos, Irismar di Lyra, Marcos Pê, João Braz, Pedro da Silva,
Severino Júnior, Joel Sabino, Edme Soares, Domigos Sálvio, Cleudimar Ferreira, Francisco Sobreira,
Telama Cartaxo, Paulo Roberto Lira, Petrus Rolim, Beta, Ionas, Cilano e Rael.



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