domingo, 20 de fevereiro de 2011

Quem já viu a banda passar e por não gostar, fez cara feia?

por Cleudimar Ferreira



Quem não gosta de ouvir uma boa música. E quem há de censurar uma melodia afinada, um dobrado apurado num coreto qualquer, ou até mesmo, uma retrata aos domingos. Mas quem já via a banda passar e por não gostar fez cara feia? A música venha de onde vier; seja que tipo for e em que lugar for tocada é uma linguagem universal e quem faz dela sua razão de viver, também. Ela é algo abstrato que acalanta o ego e alegra a alma. Os que dela dedilham a vida tocando seus instrumentos, ensinando acordes, merecem a contemplação eterna.

Por essa atmosfera melódica, entre partituras e instrumentos, segurando com muito esmero a velha batuta, numa trajetória que varou períodos, épocas e eras; trilhou o nosso maestro Esmerindo Cabrinha. Mestre na vida e na música passou dos 80 anos fazendo o que gosta - a música. Foi, e é, para as gerações vindouras, toda referência em matéria de ser humano. Exemplo de dedicação e compromisso com aquilo que fez e faz. Um ser a serviço da ideia e da prática musical. Um verbo de que através do seu ofício, doutrinou, aconselhou e mostrou por onde passou um dos caminhos (como opção) que a juventude devia percorrer. Por isso se dedicou com a melhor perfeição na formação de jovens músicos compromissados com a música. 

Em Cajazeiras, sua terra natal, animou carnavais de ruas, liderou Orquestras de Frevos e de Bailes nas principais festas da cidade e região. Criou na década de 60 a Banda Feminina Municipal, que por onde passou esbanjou talento e simpatia, sendo referendada como um feito avançado num tempo em que à música instrumental era praticamente dominada pelos homens. Como regente da Orquestra Manaíra, dirigiu figuras expressivas da música cajazeirense da época, como maestro Rivaldo Santana e o músico - homem do rádio Mozar Assis. No entorno de Cajazeiras, em Bom Jesus, o trabalho do maestro cajazeirense se fez presente nos arranjos aprimorados do Hino Oficial daquela cidade.

Cumprindo o que manda o conceito da universalidade e, seguindo o rito natural que determina que  a música deve estar presente onde houver gente para ouvir; o maestro foi cativado e convidado por representantes de Aurora/CE, para ensinar música naquela localidade cearense. Lá, o mesmo através de um elementar aprimoramento com os músicos, praticamente recriou a Banda de Música Municipal; fundou juntamente com o Padre Luna Tavares, em 1986, a Banda de Música Senhor Menino Deus do Colégio Paroquial e fez a melodia e os arranjos do Hino Comemorativo ao Centenário da cidade.

Esmerindo Cabrinha da Silva - um nome que parece estranho para uma região onde os Josés, Joãos e Antônios são maiorias, dominava divinamente boa parte dos instrumentos de sopro, com destaque para o saxofone e clarinete. Dos oitos filhos que teve com Dona Lilia, com quem foi casado, apenas dois se enveredou pela música, José - aprendeu a tocar saxofone e Gilberto - violão, atabaque e afoxé. A sua importância na atividade musical para a cidade de Cajazeiras, não é diferente da que é Severino Araújo para João Pessoa. Pois tanto um como o outro se apegaram as paixões por essa linguagem artística e através da dela fizeram muito pelas duas cidades.






LEGENDA DAS FOTOS: 
1. Imagem do maestro na homenagem no Cajazeiras Tênis Clube.
2. A inesquecível Orquestra Jaz Manaíra
3. O maestro e a Banda de Música de Aurora - CE
4. A surpreendente Banda de Música Feminina de Cajazeiras, em Pombal, 1974
5. (arquivo de Verncek Abrantes) Com alunos da Banda de Pombal
6. Escadaria da Igreja Nossa Senhora de Fátima, anos 70. No fundo, o Coreto da praça
7. Bande de Música Padre Cícero. Criada por Raimundo Ferreira e a Câmara Junior 
8. Banda de Música Santa Cecilia 
9. Bando da Alegria (anos 50). Um dos primeiros Conjuntos de Baile de Cajazeiras (foto: Roberto Lacerda) 


DEIXE O SEU COMENTÁRIO





Nenhum comentário: