segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os poemas de Aldo Lins



Quem é Aldo Lins

Aldo Lins nasceu em Cajazeiras, em 1959. Participou no final da década de 70 e início dos anos 80 de um grupo independente de teatro que tinha como principal liderança o ator e diretor cajazeirense, Tarcísio Siqueira. Nesse mesmo período, chegou a fazer parte do elenco de atores do Grupo de Teatro Mandacaru, formados por jovens amadores da Avenida Engenheiro Carlos Pires de SáNa segunda metade da década de 80, veio morar em João Pessoa para fazer um curso  superior na UFPB - Universidade Federal da Paraíba. Em João Pessoa, Aldo Lins publicou artigos na Revista Bazar e nos principais jornais impressos de nossa capital. 

É radicado em Recife desde o final da década de 90, onde se engajou nos movimentos de poesia alternativa da principal metrópole pernambucana, publicando poemas em revistas e fanzines. É autor em parceria com o poeta José Terra, do projeto Hospício Poético - O canto mais lúcido do Recife. Que anexou uma coletânea de recitais mensais que ocorreu entre os anos de 2003 e 2004. Iniciativa bem sucedida que repercutiu na paisagem urbana da capital recifense. 

Através do IDS - Instituto de Desenvolvimento Social, coordena o Recital Poético Canta Boa Vista que reúne desde o ano de 2007, uma grande quantidade de poetas e declamadores entorno da divulgação da poesia. Atualmente ministra através da FUNDARPE - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - oficinas literárias para a Rede Estadual de Ensino. É autor do livro "Alma de Vidro", editado em 2002. Participou em 2004, da Marginal Recife - Coletânea Poética III, organizada por Cida Pedrosa, Miró e Valmir Jordão da Fundação de Cultura Cidade do Recife. 

Os poemas

O GUIA 

Na rua 24,
Havia um menino
Que sabia onde morava
Um médico, um açougueiro,
Um engraxate, um sapateiro,
Um jornalista, um carteiro,
Um motorista, um coveiro.

Na rua 24,
Havia um menino
Que sabia onde morava
Um malabarista, um engenheiro
Um pintor, um cozinheiro,
Um soldado, um ferreiro,
Um padre, um padeiro.

Na rua 24,
Havia um menino
Que sabia onde morava
Um advogado, uma prostituta,
Um músico, um sineiro,
Um garçom, um enfermeiro,
Um professor, um biscateiro.
  

Mas ninguém sabia do menino
Que não tinha onde morar.
  

ESTATÍSTICA  

Na rua São João
João morreu atropelado.

Na rua Santa Maria
Morreu Maria assassinada.

Na rua São jorge
Jorge morreu drogado.

Na rua dos navegantes
Pedro morreu afogado.

Numa rua sem nome
Um corpo não foi identificado.

Na parada do ônibus
Uma criança espera seu anjo da guarda. 

CACHAÇATÔMICA 

Me armei com o copo e a espada
E a minha lança perfumada
Como um infante
Que perdeu a infância
E a minha infantaria.

Não reconheci o meu inimigo
Só no espelho o coração ferido
Como um cavaleiro
Que perdeu a dama
E a cavalaria.

Arremessei cem copos
De goela abaixo
E atravessei a rua
Como um artilheiro
Que perdeu o gol
E a artilharia. 

REGRESSO

Devolvam-me
Meu castelo, minha espada, meu anel
E as fotografias amarelas guardadas
Na minha cômoda de cristal

Devolvam-me O credo para atravessar fronteiras
E o espelho d'água entre as dunas
Onde eu fazia a lua para brincar

Devolvam-me
A minha tabuada mágica
E as histórias de um vento azul
Que traziam anjos às madrugadas

Devolvam-me
Meu uni-verso, suspiro poéticos e saudades
De andar a pé, olhar o céu, cantar um fado
No Pátio das Flores, no Arco das Portas do Mar. 

A JANELA 

Deste ângulo vejo os escombros
Onde antes eram castelos
E reinava a fantasia
De minha pequenez 

E a solidão e o desconforto das ruas
Violência que converte transfigura
Com suas botas de sete léguas
Ao silêncio de uma cova escura
 

Da janela, vejo uma naja
Brotando no colo das flores
Desenhos fantásticos surgidos
Nas ruínas do muro de arrimo
  

Da janela, ouço o grito do sangue dos oprimidos
Onde antes eu ouvia o canto do sabiá
E eu nem sabia como era sábia
A vida de quem chorou
Quando não o encontrou mais a cantar. 

SÚPLICA 

Ensinai
A cavalgar os mares do teu corpo
Sereia de cactos e juazeiro
De mãos de seda e de marfim
Cabelos soltos graúnas
Nos cata-ventos bálsamo de alecrim

Iluminai
Oh! Rosa linda, o meu olhar
Porque guardo na algibeira o teu retrato
A casa nua na montanha
A estiagem nos pastos da aldeia
Que nem a tristeza estridente de um faquir
Com os seus ruídos enegrecidos de agonia
Apagará em mim teu brilho




 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cajazeiras realiza primeiro curso profissionalizante para artistas de teatro


    No último sábado, dia 10 de dezembro de 2011, a SATED/PB realizou no Núcleo de Extensão Cultural (NEC) do Centro de Formação de Professores da UFCG um evento para encerramento do 1º Curso Profissionalizante para Atores e Atrizes da cidade de Cajazeiras - PB. 
    Iniciado em junho deste ano e com duração de 05 (cinco) meses, o curso teve a participação de 15 alunos que ao final dos estudos, com o intuito de serem avaliados pelos ministrantes, montaram dois esquetes teatrais: A saga de Cornélio (baseada na obra Sganarello de Molière) e Sonho de um palhaço.  Na montagem do primeiro espetáculo participaram Raquel Rolim, David, Gerfferson, Beatriz, Laisla, Elder, Rosangela e do segundo participaram Jane, Sara, Ricardo, Kenedi, Larissa
     Ao final das apresentações os alunos receberam certificados e nos próximos dias todos terão registro profissional (DRT) junto ao Ministério do Trabalho para exercerem a profissão de ator em todo território brasileiro.
Fonte: Ascom

 

O que me inspira


..........................................................................................................  Mariana Moreira
 
Um primo situado entre meus minguados leitores diz que gosta de meus escritos, sobretudo, quando trago como mote situações e causos vividos na minha infância e adolescência, em Impueiras. Confesso que registrar um pouco esse período me dá uma imensa satisfação. Talvez esse seja meu estilo. Desculpem-me a pretensão. Falar de lembranças, momentos prazerosos vividos na infância e adolescência me inspira.

Como não se deleitar com as reminiscências das bocas de noites em que primos e compadres de meus pais nos visitavam na luz bruxuleante das lamparinas de querosene que projetavam sombras e davam materialidade aos causos de almas penadas, visagens, viagens fantásticas, parentes que arribavam nas secas e que surgiam nas cartas mal escritas que papai lia na sala de nossa casa entre murmúrios e lágrimas de saudades e sonhos de um lugar distante e diferente do sertão marcado pelos seus contrastes de secas e pujança das invernadas.

Como não ter prazer em lembrar o cheiro da terra molhada nas primeiras enxurradas e nos tampos de terra que rompiam com a força da babugem que vestia de verde os campos e roçados. A alegria de colher a água da chuva nas biqueiras da casa e usufruir mais tempo para brincadeiras uma vez que não teríamos que abastecer a casa com a água das cacimbas que, à medida que avançava o período de estiagem, ia se aprofundando em degraus vencidos com nossa força de crianças se equilibrando na lama formada pelos furos das surradas latas de querosene Jacaré transformadas em vasilhame para o transporte do líquido.

Como não ter o sabor da cana caiana descascada e degustada a sombra das frondosas mangueiras jasmin. Roletes que eram consumidos com o apetite despertado no intervalo entre as obrigações de casa e de ajuda nos afazeres domésticos e escolares e que deixavam marcados em braços e barrigas os vincos da garapa que escorria de nossas bocas inocentes. Como não reviver o gosto dos canapus, dos trapiás, dos oitis, dos jenipapos, das azeitonas, dos cajus colhidos nas aventuras de subir na árvore sem os limites do perigo. Do assar das castanhas e das brincadeiras de bitelo. Dos banhos de açudes e riachos na aprendizagem do nado com os cavaletes de tronco de bananeira. Das moagens no engenho da Coréia com o cheiro impregnado do velho motor a diesel, do sabor dos alfenins, das rapas de gamela, da prosa solta dos trabalhadores e cambiteiros, dos vôos das abelhas de arapuá na festa em torno das colunas de rapadura.

São episódios que, perdidos na poeira do tempo, ressurgem como seiva que alimenta a vida e mantém acesa a capacidade de sonhar e acreditar que, como as lembranças da infância e adolescência, hoje ainda podemos construir outros reinos, possíveis ou encantados, como encantados eram os reinados que Dona Elvira Paulo assegurava existir nas rugas do Serrote do Quati.

Mariana Moreira - é Carrazeirense da  gema do Sítio Cipó, professora, 
 radialista, jornalista... e um montão de coisas Boas!

imagem do orkut da atriz.
Bela imagem da atriz cajazeirense Marcélia Cartaxo em ação no longa Agreste de Paula Gaitán. Agreste pode ser vários lugares, tal como Marcélia Cartaxo pode ser várias mulheres, inclusive ela mesma. A atriz é colocada em situação de encontro com a natureza e com outras figuras femininas, duplos seus em alguma instância. Destes encontros surgem outras possibilidades para se operar no mundo da representação, que no filme é oriundo da mesma potência imaginária das brincadeiras de crianças em terrenos baldios.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Luíza Moisés, um pouco de sua pintura.




Duas telas de autoria da Professora e também Artista Plástica de Cajazeiras Luíza Moisés de Souza, que faleceu recentemente, ou seja sexta-feira passada, dia 09 de Dezembro de 2011. Sobre o trabalha da artista, escreveu o colunista Damião Fernando em crônica para o Portal Diário do Sertão: “Mãos de artista dedicada e competente que revela o belo transcendente em cada movimento do pincel, em cada movimento de sua alma de artista.” Observando a linha temática representada nas duas pinturas acima, pode-se perceber, sem recorrer a nenhuma analise mais criteriosa, que seu campo de atuação, embora ainda apresentando algumas deficiência técnicas, era mesmo a pintura acadêmica, figurativa, baseada nos elementos pictóricos do classicismo renascentista.   



EDÍLSON DIAS, O ATOR.

por: Cleudimar Ferreira

Edilson Dias - o do meio. Foto: Cristiano Moura.



Quem viveu naquela Cajazeiras cultural da segunda metade da década de 70 e inicio dos anos 80, vai identificar facilmente o personagem central da imagem acima. Ele, Edílson Dias. Ator performático, mambembe e no êxtase de seu desempenho nos palcos por onde pisou; às vezes até anárquico. Defensor assumido de uma dramaturgia alternativa de vanguarda, beirando a José Celso Martinez Correia, numa época onde o teatro amador - sem muito profundamento técnico e teórico era o espelho da juventude paraibana, principalmente a do interior do Estado de onde veio Edílson

Natural de Catolé do Rocha, mas cajazeirense por afinidade, Edílson tinha o poder do convencimento, adjetivo que facilitava o seu envolvimento com o público e com seguimentos do teatro paraibano. E isso o tornava um ator popular. Liderou em sua terra natal a trupe de atores do grupo “Chão Pó Poeira”. Influenciou muita gente boa em Catolé, a exemplo daquele que viria ser mais tarde o cantor e compositor Chico César

A sua aparição em Cajazeiras, se deu quando o mesmo aterrissou nas ruas da cidade juntamente como outros atores de Catolé do Rocha para participar do primeiro curso de teatro para atores principiantes, organizado pela teatróloga Íracles Brocos Pires na Biblioteca Pública Municipal. O curso que teve como mediadores o ator e diretor Fernando Teixeira e os professores Laísa Derme, Fernando e Elvira Cavalcante; contou com a participação maciça de grupos das principais cidades do sertão. A partir daí, o seu contato com a classe teatral de Cajazeiras o fez mais cajazeirense do que catoleense ou pessoense.

Em João Pessoa, Edílson foi morar em Jaguaribe, bairro que ficou conhecido pelo grande projeto cultural denominado “Jaguaribe Carne”. Passou a conviver com figuras expressivas da cultura pessoense da época, como: Pedro Osmar, Paulo Ró, Unhandeijara Lisboa e Chico César. Bebendo e se fortalecendo do turbilhão artístico popular que era o "Jaguaribe Carne", montou em 1978 o monólogo “Quem é palhaço aqui?” de Pedro Osmar, um sucesso de público e também ao gosto da minúscula crítica que espelhava os principais jornas em circulação no Estado. 

Os jornais da época deram tanto destaque ao trabalho de Edílson em "Quem é palhaço aqui?" que o ator se popularizou, fazendo apresentações em vários lugares, até em comício de campanha política, como o que aconteceu no bairro Castelo Branco em João Pessoa, onde o Edílson ficou completamente nu em cima do palanque do PT, durante a sua apresentação. O público presente, principalmente os mais conservadores se sentido ultrajado, não entendeu a atitude do ator o fez se retirar as presas do local. 

Fato como esse viria a se repetir mais uma vez durante a realização de uma das versões do Festival de Artes de Natal/RN. No evento Edílson também tirou a roupa, só que para uma platéia específica de teatro. Mas a atitude de ficar nu no palco não pode ser considerada exclusividade do ator Edílson Dias; Zélia Amador, diretora de teatro em Natal/RN, durante a realização do Festival Brasileiro de Teatro Amador, no Recife em 1984, colocou no palco do Teatro Santa Isabel, uma média de 8 atores completamente pelados no elenco da peça Theatrai Theatron. A peça era uma Pantomima, onde atores e atrizes se pegavam, acariciavam e circulavam entre a platéia como se tudo aquilo fosse natural.

Em 1977, o ator Edílson Dias, passou a integrar o elenco de “Um Grupo”. Grupo de teatro criado por Luiz Carlos Vasconcelos, Roberto Cartaxo e Buda Lira, que se tornaria no futuro a raiz da hoje Escola de Teatro Piollin. Na década de 80, montou um texto de sua autoria “Viagem a São Saruê”, baseado no cordel do poeta guarabirense Manoel Camilo dos Santos. O projeto era levar a literatura popular de Manoel Camilo para todas as escolas dos municípios do Estado. Uma ideia bastante interessante, porém arrojada que quase ficou difícil de ser realizada - se não fosse a sua forte perseverança em buscar recursos. Mas por falta de apoio da maioria das prefeituras, poucos alunos ouviram e viram o ator em ação, contando a historia do cordel do poeta Manoel Camilo

Ainda na década de 80, o ator dividiu o gosto pelo teatro com a atividade jornalismo tendo sido contratado pelo então jornal "O Norte" para fazer matérias do cotidiana da cidade, divulgada geralmente no segundo caderno do jornal. Uma ironia, já que o ator, por ser vinculada a área cultural, caberia muito bem, (dado a sua experiência e habilidade com a leitura) escrevendo as matérias ligadas a cultura e a arte. 

No final dos anos 80, Edilson foi aprovado no vestibular de comunicação da UFPB. Seu desempenho no curso de jornalismo não muito boa. O ator faltava muito às aulas; desprezava a "blocagem" ; ignorava as principais cadeiras do curriculum; discordava de tudo e todos no ambiente universitário se tornando indesejável entre a maioria dos colegas de sala de aula. Resultado se tronou no primeiro e único aluno a ser "jubilado" - uma espécie de processo punitivo com expulsão criado por aquela instituição de ensino superior para pugnar os maus alunos.

Edílson Dias tem sido um ator além do tempo no elenco de atores do teatro paraibano. Criou, renovou, ousou, influenciou e realizou na sua época algo novo. Por tudo que fez - se faz ainda eu não sei, deve fazer parte (e com destaque) da história do nosso teatro.

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Teatro "Ica", 26 anos de um sonho realizado.


Teatro Íracles Pires "Ica" - Cajazeiras/PB.


Orlando Maia - Diretor
O Teatro Íracles Pires, na cidade de Cajazeiras (PB), comemora os seus 26 anos de fundação neste dia 26 de janeiro de 2012, com uma programação que vai de espetáculos, lançamento de livro, debates, mostras, feiras e oficinas de artes. 
O "Ica", ligado administrativamente à Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC), foi uma conquista do movimento artístico nos anos de 1990, junto ao Governo do Estado, justificado pela pujança artística da “terra da cultura”, que não dispunha, até então, de um local adequado à prática cênica, e leva o nome da teatróloga Íracles Pires Ferreira, falecida em 1979. A programação dos 26 anos anos, que se estende até 29 de janeiro, foi divulgada pelo atual diretor do Ica, o ator Orlando de Queiroz Maia (Mainha).  


PROGRAMAÇÃO 
26/01/2012 - Quinta-feira.
19:00 - Solenidade de abertura, Sessão Especial da Câmara Municipal de Cajazeiras em homenagem aos 26 anos do Teatro Ica, e entrega do título de cidadão Cajazeirense ao Poeta Irismar de Lira e lançamento do Livro “Aldeia Poética” de sua autoria.  
19:30 - Feira de Artesanato e Exposição fotográfica Cenas do Teatro Cajazeirense.
21:00 - Apresentação do espetáculo de dança "LIBERTANGO". João Pessoa (vencedor da 16ª Mostra Estadual de Teatro e Dança).
Local: Teatro Ica

27/01/2012 - Sexta-feira. 
16:00 - Debate: Politicas Públicas de Cultura
Expositar: Lúcio André de F. Rodriques (Assessor da Representação Regional do Nordeste do Minsiterio da Cultura). Recife/PE 
19:30 - Feira de Artesanato e Exposição fotográfica Cenas do Teatro Cajazeirense. 
21:00 - Apresentação do Grupo de Reisado de Zé de Moura.  Poço de Zé de Moura/PB;  Apresentação do Grupo de Dança MC's (2º Melhor Espetáculo do FENERD/2011). Cajazeiras/PB.
22:00 - Musica: “Noite FORROCK” Banda Pegado e a Peleja, e sanfoneiro Chico Amaro.
Local: Teatro Ica

28/01/2012 - Sábado. 
16:00 - Debate: História do Teatro em Cajazeiras
Expositor: Ubiratan de Assis
19:30 - Feira de Artesanato e Exposição fotográfica Cenas do Teatro Cajazeirense; Apresentação do espetáculo de teatro "DOMINGO NO BAR DO COURO". João Pessoa (3º Melhor Espetáculo da 16ª Mostra Estadual de Teatro e Dança).
21:00 - Apresentação do espetáculo de teatro "A Saga de Daluz". João Pessoa/PB (vencedor da 16ª Mostra Estadual de Teatro e Dança).
Local: Teatro Ica

29/01/2012 - Domingo.
16:00 - Apresetação do espetáculo Infantil "O Palhaço do Planeta Verde". Cajazeiras/PB.
18:00 - Exibição do Filme: "O Sonho de Inacim" e bate papo com o realizador Eliézer Rolim. Cajazeiras/PB. 
19:30 - Feira de Artesanato e Exposição fotográfica Cenas do Teatro Cajazeirense. 
21:00 - Show Musical com o cantor Jocélio Amaro. 
Local: Teatro Ica





sábado, 3 de dezembro de 2011

Visita do Cantor Alcides Gerardi a Cajazeiras e a NPR



Alcides GERARDI
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Em 1961, o cantor Alcides Gerardi, fazia muito sucesso em vendagem de disco e nos programas de auditórios das principais rádios do eixo Rio - São Paulo. Neste mesmo ano ele esteve em Cajazeiras. Aqui, duas fotos que marcou a presença do ídolo romântico daquela época, na cidade de Cajazeiras. A primeira ele canta no Clube 1º de maio e a segunda, nos estúdios da NPR - Norte Publicidades Radiofônicas. Há exatamente 50 anos atrás.



Antigas Salas Alternativas de Cinema em Cajazeiras

por: Cleudimar Ferreira
cleudimar.f.l@gmail.com 

Fachada do prédio hoje, onde funcionou o Cine Teatro Apolo XI

Assim como toda cidade do interior, Cajazeiras teve também o seu Cinema Paradiso que oferecia uma programação alternativa em consonância com as dos cinemas comerciais, ou seja, os cinemas de rua que existiam na cidade, cujos letreiros das placas nas fachadas desses cinemas, proclamava-se os títulos de Cine Pax, Cine Éden e Apolo XI. O Cine Pax, ficava na Praça do Espinho, que interligando o centro e a zona sul, área em expansão da cidade. O Cine Éden, localizava-se na Avenida João Pessoa - centro comercial de Cajazeiras. Já o Cine Teatro Apolo XI, era instalado na parte norte, onde havia a maior concentração de residências de famílias de classe média em ascensão. O prédio foi projetado para funcionar o cinema e a Rádio Alto Piranhas. Tanto a rádio como cinema pertencia a diocese de Cajazeiras. O Cine Teatro Apolo XI, como era chamado, era moderno - com cabine refrigerada e equipamentos de projeção sofisticados da melhor qualidade para os padrões da época. 


Projetor e operador do Cine Teatro Éden

Já as chamadas salas alternativas, eram instaladas de forma improvisadas, sem praticamente nenhum conforto e geralmente ficavam em áreas de confluência com centro da cidade, onde ficavam os maiores cinemas. Das salas facultativas que fez parte da cultura cinematográfica dos cajazeirenses, duas mereceram destaque.

A primeira foi instalada em 1954 e ficava na Rua Dr. Coelho Sobrinho, nº 38. Denominava-se de Cine Teatro Cruzeiro. A sala de exibição era de propriedade do Sr. Eutrópio Cartaxo. Segundo escreveu Miguel Júnior - para o blog sete candeeiros cajá, os filmes anunciados e projetados no cinema de Eutrópio não eram lá essas grandes coisas. Mesma assim, as vezes atraia um bom público. Seu Eutrópio (como era chamado), fazia de tudo para oferecer o melhor da magia do cinema aos que lá iam. Para tanto, ele fazia uma programação a partir do gênero de filme que mais era solicitado pelos clientes frequentadores. 

Portanto não medindo esforços, subia e descia as escadas com rolos de fitas, passava os filmes. Quando certa vez na ausência da bilheteira e do porteiro, ele mesmo vendia os ingressos e ainda era porteiro. A sala tinha uma capacidade para acomodar 300 pessoas sentadas. Havia sessões todos os dias chegando a uma demanda de 304 exibições por ano. Atingindo assim, uma média de 15.500 expectadores. O espaço de projeção em 16mm, era muito precário, pequeno, muito quente sem ventilação e para se chegar lá, Seu Eutrópio usava uma escada de madeira.

“Quando eu era adolescente, eu gostava de assistir as matinês nas tardes de domingo no Cine Cruzeiro, que ficava na Rua Dr. Coelho. A sala de exibição era de propriedade do Sr. Eutrópio Cartaxo, pai de Mazinho. Sua esposa, dona Olívia, ficava na bilheteria vendendo os ingressos e Zé Pequeno era o porteiro. Seu Eutrópio, nos seus mais de 120 quilos, subia uma pequena escada de madeira que dava acesso à sala para operar o projetor de filmes. Esse local era muito precário, pequeno, muito quente e sem ventilação. O filme era anunciado durante a semana em uma tabuleta de madeira amarrada com arame, em um poste de luz, que ficava na esquina da Rua Dr. Coelho, ao lado da bodega de Quinco. Antes de começar a exibição do filme tinha pessoas que reservavam a cadeira ao lado para outra pessoa, que estava atrasada, levantando o assento, como se estivesse ocupada. Quando o filme era interrompido no meio da sessão por causa da quebra da fita (filme), aí as luzes se acendiam por alguns instantes, bem como quando terminava o filme, e a meninada levantava e baixava de vez o assento da cadeira para aumentar o barulho.” José Pereira de Sousa Filho.

"Certa feita, por conta da algazarra, que a gurizada protagonizava, lá em baixo, seu Eutrópio foi descer rápido a escada, no intento de contê-los, quando a mesma quebrou-se, aí meio, devido ao seu peso, estatelando-se no chão, ficando desacordado, por algum, tempo. Por ironia, o filme que estava sendo exibido, na ocasião, era UM CORPO QUE CAI." Fernando Carvalho

No final da década de 60 Eutrópio Cartaxo estendeu o seu Cinema Paradiso até a cidade de Ipaumirim/CE. Naquela cidade ele instalou os Cines São Sebastião e Rex. Com ajuda de um pintor de parede, conhecido como “Zé Pintor” - que preparava os cartazes e colocavam os cavaletes na parede do antigo escritório do senhor que era conhecido como Ademar Barbosa. Eutrópio exibia uma programação basicamente de filmes de aventura, composta de filmes de Tarzan, Batman e Zorro.

Um dos primeiros projetores em operação na cidade

A segunda ficava na região da Camilo de Holanda - na Rua Romualdo Rolim, em frente onde existia uma bomba de gasolina. Na sala que durante dia era uma oficina mecânica, Zé Sozinho, natural de Pajeú das Flores/PE, exibia durante as noites de final de semana seus filmes em 16mm. O espaço era improvisado, com alguns bancos e caixas de madeiras. A cabine de projeção praticamente não havia; era apenas dois enormes caixões no meio da sala - um sobre o outro e o projetor de 16 mm em cima. Zé Sozinho passava os filmes em pé sobre uma cadeira.

Cajazeiras teve ainda uma terceira sala de exibição opcional nos finais de semana. Foi a do Cineclube Wladimir Carvalho, que funcionou entre os anos de 1976 e início dos anos 80, nas dependências da Biblioteca Pública Municipal Castro Pinto. O clube de cinema oferecia de graça aos cinéfilos da cidade, filmes de artes, gênero que não era exibido nas chamadas grandes salas de Cajazeiras. O cineclube expandiu sua programação, destinando suas exibições também para associações comunitárias, sindicatos e em vias públicas dos bairros mais distantes do centro. 

INFORMAÇÕES SOBRE FOTOS ACIMA
1. Fachada do Cine Teatro Apolo XI
2. Antigo projetor do Cine Teatro Éden
3. Um dos primeiro projetores em operação na cidade.

Nessa casa situada a rua Dr. Coelho, nº 38, funcionou 
provavelmente o Cine Teatro Cruzeiro do Senhor Eutrópio Cartaxo.

Fachada do Cine Teatro Éden nos anos 80.

Prédio onde funcionou o Colégio Carmelita, depois adaptado 
para o funcionamento do Cine Teatro Pax 

Fachada do prédio onde funcionava o Cine Teatro Apolo XI 
e estúdios da Rádio Alto Piranhas. 

Zé Sozinho - improviso na exibição de filmes na 
Zona Sul - Camilo de Holanda e Bairro de Capoeiras

Seu Eutrópio Cartaxo - Um dos primeiros exibidores. 
No inicio, atuou na Rua Dr. Coelho e na 
cidade de Ipaumirim, Ceará. 


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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


                   Esta foto já deve ser considerada como parte integrante do acervo da história do ensino público da cidade. Ela mostra os professores e funcionários do antigo Colégio Estadual de Cajazeiras (hoje Escola Estadual Professor Crispim Coelho), ao lado do Monsenhor Vicente Freitas, na época, recém empossado como Diretor Geral do Colégio. A imagem mostra alguns dos professores  bastante conhecidos de todos nós que tivemos a oportunidade de estudar no referido educandário. Por exemplo: no canto direito da foto (agachado), Dede - professor de música e instrutor de bandas marciais.  No lado esquerdo está, em pé, o Professor Abreu que também viria a ser na década de 80, Diretor da Escola.  No centro da mesma, você vê o  Monsenhor Vicente e logo abaixo o Professor Pessoa. Ao lado do Professor Pessoa, o irreverente Professor de OSPB e Educação Moral e Cívica, Eraldo Moesia. Depois dele, o Professor Nilson Torreão Xavier, um dos maiores Professores de Matemática que a cidade já teve. A foto revela um período em que na educação pública havia respeito ao professor, disciplina em sala de aula, zelo pelo patrimônio escolar e acima de tudo educação de qualidade e um interesse aguçado dos alunos em aprender; coadjuvado pela cobrança constante dos pais aos seus filhos que os mesmos fossem sempre os melhores da escola.