segunda-feira, 18 de junho de 2012

Batendo na mesma tecla

...............................................................................................................Mariana Moreira

O comentário do professor Zé Antonio sob o título de Debate eleitoral: Planejamento urbano, reproduzida pelo Diário do Sertão, traz para a cena uma preocupação que, com recorrência, venho enfatizando em minhas ponderações nesta coluna: o descaso com que as administrações municipais tratam a questão do planejamento urbano de Cajazeiras. A cidade vem enfrentando, nos últimos anos, inquestionáveis surtos de desenvolvimento, impulsionados, sobretudo, pelo seu destaque como pólo prestador de serviços, principalmente, na área educacional. 


É um aspecto positivo que deve ser valorizado e incentivado por representar uma alternativa para o município que, após o colapso da cultura do algodão, viu minguarem suas atividades econômicas e, em decorrência, restringirem as opções de emprego para grande contingente de sua população.

No entanto, não podemos cometer os erros e equívocos que milhares de cidades brasileiras praticaram e praticam em nome do desenvolvimento. Não podemos fechar os olhos para a desordenada ocupação do espaço urbano que obedece apenas aos interesses do lucro de grupos imobiliários que abrem loteamentos e constroem sem os cuidados necessários para garantir a qualidade de vida e o respeito aos princípios mínimos de urbanidade, como áreas livres, ruas com dimensões recomendáveis de trafegabilidade, adequado escoamento de esgotos e dejetos, equipamentos sociais. Além do mais, a cidade cresce, além dos loteamentos, engolindo córregos e riachos, destruindo vegetação e aterrando açudes e barragens. Basta vez o Riacho da Curicaca, na entrada leste da cidade, que vem tendo paulatinamente, e sob a proteção do poder público, seu curso invadido por construção, que aterram o seu traçado natural e lançam em seu leito esgotos, entulhos e morte. 


A ausência de planejamento urbano vem se refletindo também no cotidiano da cidade que, sem áreas livres e arborizadas, tem sua temperatura elevada e irrespirável em grande parte dos meses do ano. Também se manifesta no lixo que, na contramão de uma tendência que, cada vez mais, se fortalece em todo o mundo, ou seja, o da reciclagem e do reaproveitamento, continua sendo descartado no meio ambiente, desperdiçando uma grande possibilidade de gerar renda e empregos para muitas pessoas e de produzir matérias primas recicladas que reduzem os efeitos da poluição e do aquecimento global e preserva o nosso meio ambiente, tão vilipendiado pela equivocada compreensão de que a caatinga, com sua falsa definição de mata pobre, não deve ser preservada em sua riqueza e diversidade.

Esse debate torna-se oportuno não apenas pela proximidade de mais um momento eleitoral de sucessão municipal. Mas porque precisamos pensar a cidade como um lugar também para as futuras gerações e, dessa forma, os atos de hoje, se refletirão na vivência de amanhã, como hoje repercutimos o que ontem se programou para hoje como futuro.


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