quinta-feira, 25 de abril de 2013

Projetos de Cajazeiras Selecionados pelo Fundo de Incentivo à Cultura - FIC








A Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba divulgou na primeira semana deste mês de abril no Diário Oficial a lista completa dos projetos artísticos culturais selecionados para o Fundo de Incentivo a Cultura Augusto dos Anjos  - FIC. 

Dos projetos selecionados para o biênio 2012 a 2013, Cajazeiras foi contemplada com seis. Dos seis projetos, cinco tem como foco principal a cultura popular, com destaque para poesia e o repente da cantoria de viola. O outro tem como temática a obra do compositor Zé do Norte. Um fator curioso na seleção dos projetos para Cajazeiras, foi a exclusão dos projetos nas demais linguagens, como: Música, Artes Cênicas, Dança e Artes Visuais. Ou então, os segmentos da cultura de Cajazeiras não concorreram com nenhuma proposta nessas linguagens acima citadas. 

Segundo o Secretário de Cultura, Chico César, Os investimentos por área variam de R$ 10 mil a R$ 100 mil, totalizando um montante de R$ 3 milhões para financiamento dos projetos culturais. Veja abaixo os projetos selecionados para Cajazeiras.








PROJETOS:
1º Encontro do Repente de Cachoeira dos Índios.
Autor: João Abel Pereira.
Valor: R$ 10.000,00
Festival de Repentistas do Vale do Rio do Peixe
Autor: José Emílio de Morais
Valor: R$ 9.959,00
Festival de Repentista “Prata da Casa”
Autor: Francisco Galvão
Valor: R$ 9.909,00
Cantoria nos Bairros
Autor: José Marconi de Souza Maciel
Valor: R$ 9.782,00
Cantoria de Pé de Parede
Autor: Francisco de Assis Gonzaga
Valor R$ 9.850,00
Zé do Norte – 100 Anos de Sodade
Autor: Aguinaldo Batista Rolim
Valor: R$ 13.389,00


quarta-feira, 24 de abril de 2013

OS MATOS EM CAJAZEIRAS


           Diploma de Deputado Constituinte           
    
Sobre o ex-prefeito Celso Matos Rolim
por: C l e u d i m a r  F e r r e i r a
.......................................................................................................................................    

         Celso Matos Rolim foi médico e político. Nasceu em Cajazeiras em 1888. Era filho do Cel. Joaquim Gonçalves de Matos Rolim - Coronel Matos e Maria Idalina de Albuquerque Cartaxo - Sinhazinha. Era casado com Eunice de Medeiros Matos e teve dois filhos: Marinice e Celso Filho. Formou-se em medicina em 16 de março de 1927 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e logo depois iniciou suas atividades profissionais em Cajazeiras. Foi um dos precursores da formação e construção do Hospital Regional de Cajazeiras e é autor de um trabalho biográfico sobre seu pai, o qual foi lido na abertura do centenário de nascimento do coronel Matos, festivamente comemorado em 1968. Participou do Movimento que conduziu Getúlio Vargas ao poder em 1930. Integrou a Assembléia Constituinte entre 1935 e 1937, como Deputado Constituinte Estadual da Paraíba, diplomado pelo Tribunal Regional de Justiça Eleitoral em 14 de outubro de 1934. Após seu pai Cel. Joaquim Matos ter pedido demissão do cargo de Prefeito de Cajazeiras, em 10 de dezembro de 1937, Celso Matos é agraciado pelo seu genitor sendo nomeado Prefeito de Cajazeiras para o triênio 1937/1940.




Cel. Joaquim Gonçalves de Matos Rolim
por: J o s é  A n t ô n i o  d e  A l b u q u e r q u e 
.......................................................................................................................................

Joaquim Gonçalves de Matos Rolim (Coronel Matos), nasceu em Lavras da Mangabeira, em 4 de julho 1868, vindo para Cajazeiras com 12 dias de nascido e no dia 26 de julho de 1893, com vinte e cinco anos de idade, casou-se com a cajazeirense Maria Idalina de Albuquerque Cartaxo (Sinhazinha), de 17 anos de idade, filha de Emídio Emiliano do Couto Cartaxo e Idalina Felinta de Albuquerque. O Coronel Matos era bisneto de Vital de Sousa Rolim, fundador de Cajazeiras.

Deste casamento do Coronel Matos com Idalina nasceram seis filhos: Adalgisa Matos de Sá, Ceci Matos Brocos, Cíntia Matos Mendonça, Rosa Matos Braga, Dr. Celso Matos Rolim e Idalina Matos Cartaxo (Ilina).

Em julho de 1968, a cidade de Cajazeiras comemorou festivamente o Centenário de nascimento do Coronel Matos, dando-lhe o nome a uma praça e erguendo um busto em sua homenagem. Estas homenagens, mais do que merecidas, resgataram toda uma trajetória de luta, empreendidas pelo Coronel Matos na economia e na política, em defesa de Cajazeiras.

O Cel. Matos, no dia 2 de agosto de 1888, com a idade de 20 anos abriu a sua loja na Rua Padre José Tomaz para depois se mudar para outro local situado na Rua Estreita, hoje Rua Coronel Juvêncio Carneiro, esquina com a Praça Coração de Jesus, que foi demolido, para permitir o alargamento da entrada naquela via pública.

Além das atividades comerciais, negociava também com algodão, comprando-o em caroço, que depois de beneficiado era exportado para Mossoró, em lombo de burros.

O Coronel Matos sempre evoluindo nas suas atividades comerciais, tornou-se, então, um dos mais conhecidos e acreditados comerciantes de Cajazeiras. Com sua extraordinária visão, foi o pioneiro da industrialização dos produtos e subprodutos do algodão nesta região. A Usina Santa Cecília, organização industrial fundada por ele, no ano de 1924, beneficiava algodão, fabricava óleo, sabão e torta de semente de algodão, em larga escala. Mantinha grandes relações comerciais com o exterior: Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, França, Estados Unidos e México, além do mercado interno cujos negócios se ampliavam pelos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

A crescente evolução financeira dos negócios do Cel. Mato tornou-o uma figura de destaque no mundo social, econômico e político de Cajazeiras conhecido como o capitalista número um de nossa terra.

Com todos esses predicados, o nome do Cel. Matos, foi o escolhido pelos correligionários do Partido Popular Cajazeirense, como candidato a prefeito, cuja eleição foi realizada no dia 9 de setembro de 1935, a 1ª eleição direta do município de Cajazeiras. O mesmo foi eleito com 660 votos, contra seu opositor, Doutor Vital Cartaxo Rolim, que obteve 345 votos. Assumiu a prefeitura no dia 14 de dezembro de 1935. A oposição não se conformou e recorreu da decisão da Junta Apuradora Local e no dia 15 de janeiro de 1936, o Tribunal Eleitoral manteve a decisão da Junta Apuradora que diplomou o Cel. Matos como prefeito, eleito pelo Partido Popular Cajazeirense. O recurso foi interposto pelo Dr. Vital Rolim, candidato da Legião Católica, que alegou impedimento do Juiz de Direito Bel. Joaquim Victor Jurema para organizar as mesas eleitorais, por ser pai do candidato, Dr. Otacílio Jurema; ainda que o Padre Abdon Pereira, com apenas 18 dias de transferido não podia votar; que o Dr. Arnaldo Leite, na qualidade de parente do candidato a prefeito, não podia presidir uma mesa eleitoral e ainda, que o Coronel Matos era empresário e que este fato apresentava-o com vantagem sobre qualquer outro candidato. No dia 31 de março o STE, não tomou conhecimento das razões alegadas, mantendo a decisão da primeira instância.

Acabada a eleição esqueceu todo o rancor da luta. Administrou a cidade sem ódios e realizou uma profícua administração, cujas obras destacam-se: reorganizou as finanças e crédito da fazenda municipal, amortizou a dívida pública, construiu um açougue público, uma obra monumental, orçada em 250 contos de reis. Calçou as ruas Padre Rolim, Vidal de Negreiros, Avenida Presidente João Pessoa e Padre José Tomaz e as travessas Santa Terezinha e Francisco Bezerra.

Em 10 de dezembro de 1937, Coronel Matos pede demissão do cargo de prefeito, sendo nomeado o seu filho o médico Celso Matos Rolim.

O Coronel Matos sofreu um acidente, no dia 3 de fevereiro de 1940, na Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, atropelado por um automóvel, às nove horas da noite, quando tentava tomar um ônibus para se dirigir ao Hotel Castelo onde estava hospedado. Uma ambulância o transportou para o hospital, Miguel Couto, na Gávea, em estado comatoso. Depois foi transferido para a Casa de Saúde São Geraldo, onde faleceu, às cinco horas da manhã, do dia 5 de fevereiro, depois de receber os sacramentos do Padre Manuel Gomes, cajazeirense que residia no Rio de Janeiro.

O corpo do Coronel Matos foi translado do Rio de Janeiro, a bordo do Vapor Itaipé, no dia 11 de fevereiro. No dia 14, durante demora do Itaipé, no Porto de Salvador, o Dr. Bandeira de Melo, organizou homenagens fúnebres e foram celebradas duas missas em sufrágio da alma do falecido. No dia 16, o Vapor Itaipé atracou no Recife às sete horas da manhã e no dia 17, às dez horas da manhã, o cortejo chegou a Cajazeiras e seu corpo foi velado na Catedral. O sepultamento ocorreu no dia 18, depois da celebração de uma missa presidida pelo bispo diocesano Dom João da Mata Amaral para sem seguida ser sepultado no cemitério Coração de Maria, com o comparecimento de cerca de seis mil pessoas e inúmeras autoridades.

Os jornais da época publicaram que o Coronel Matos foi uma grande perda não só para a sua família, mas para o município e o Estado e que era um expoente máximo de honra e operosidade. Uma grande parte do progresso de Cajazeiras deve-se ao Coronel Matos.






Canta Cantador - Ba Freyre


domingo, 21 de abril de 2013

O Ritmo da Banda COITEIROS

Compra um novo 
Música de: Getulio Salviano / Jofran di Carvalho / Naldinho Braga


Que Beleza! Pingos de Luzes no Céu de Cajazeiras
Imagem real capitada por Marconni Cruz



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Fotos da História Política da Cidade de 
Cajazeiras que Caíram na Internet.

     (I m a g e n s   R e s t a u r a d a s)    


 1.  Da esquerda para a direita. (parece ser) Osmildo Gomes, Espedito Sobrinho, 
(ou é) Clóves Rolim ou Ulisses Guimarães, Bosco Barreto. Mais na frente: 
(acho que são) Humberto Lucena e Constantino Nogueira.
 2.  João Rodrigues Alves (dono da viação andorinha), Raimundo Ferreira 


 1.  Raimundo Ferreira (no centro), Nailton Claudino (lado esquerdo de Raimundo) 
Pedro Gomes, Antônio Mariz e no canto da foto, João Agripino Filho
 2.  Chiquinho de Moisés, Wilson Moreno e Bosco Barreto

 

 1.  Geraldo Brandão (ensinando Inglês nos Estados Unidos)
 2.  (Passeata do Congresso da Fome) Gutemberg Cardoso (sentado) 
e Bosco Barreto (em pé)





segunda-feira, 15 de abril de 2013

Banda Epidemia - O Velho do Cachimbo.

Clip musical com a Banda de Rock Epidemia Tipo 5, da cidade de Cajazeiras. A música é um  um reggae  de autoria de Romeu, também um dos componentes da Banda. O clip foi produzido e editado por Gláydston Lira. 


O VELHO DO CACHIMBO

Já procurei
Em todo lugar
Não consigo encontrar
Você não tem cumlpa
Se os outros não prestam atenção
A gente trata dar o máximo de si
Pra conseguir
Mas sempre foi fácil 
Criticar o nosso trabalho

O velho sentado na calçada
Com um cachimbo na mão
Olhando pro mundo
Dizendo que
Não tem solução
Eu acho ate
Que ele está certo
Nosso futuro é incerto
Ninguem se respeita
Quem tem dinheiro
É que manda na mesa

Os homens de gravata estão soltos
Praticando crimes
Em cima de nós
Não venha me dizer
Que existe alguem certo
Quem tentou ser assim
Morreu no deserto.



sexta-feira, 12 de abril de 2013

Você sabe o que é Teatro de Bolço?

por Cleudmar Ferreira

Recorte: Jornal A União do ano 1978

Em 1978, (não sei precisar a data certa), portanto há 35 anos, o Jornal A União, através de release produzido pelo correspondente local, registrou em uma de suas edições, um dos momentos da luta da classe teatral de Cajazeiras em prol da construção de um teatro na cidade. Um sonho que só veio se tornar realidade, seis anos depois, em 1984, durante a gestão do governador Wilson Braga, frente ao governo do Estado. 

Para compreender um dos caminhos cruzados que caracterizou o percurso que a classe teatral cajazeirense teve que andar, até construção do seu teatro em 1984, nesse ano de 1978, quem governava a Paraíba era o ilustre homem da terra, Ivan Bichara Sobreira. Escritor, intelectual, homem culto, aparentemente um ser humano ligado à cultura e as artes.  

Entretanto, Ivan Bichara com todo esse perfil, não foi o suficiente e nem determinante para enteder a reividicação dos nossos atores amadores. A sensibilidade para encarar a causa como uma nessecidade do teatro de Cajazeiras, ou seja, para determinar o governador - filho de Cajazeiras, da importância que era a construção de uma casa de espetáculo cênico da cidade, cuja produção teatral já se tornava destaque entre as principais cidades no interior do Nordeste.

Foi preciso que o destino fosse buscar em Conceição, um homem para administrar o estado paraibano. E esse homem, mesmo sem ser escritor; sem ser intelectual; aparentemente rude em se tratando da lida com as atividades artísticas teatrais; sem a vivência habitual com essa habilidade cênica; sem ter muita intimidade com a cultura; entendesse os sentimentos e os reclames da classe teatral de Cajazeiras e passasse a encarar essa luta dos nossos atores amodorres como mais seriedade e solidariedade.

Portanto, o que levou o governador Wilson Leite Braga a mandar construir o sonho de muitas décadas, da prole teatral de Cajazeiras, foi sua coragem de enfrentar junto com nossos atores, uma luta que não pertencia tão somente a classe teatral, mas a sociedade cajazeirense em seu todo. O governador teve pulso, foi corajoso. Por tudo isso, o teatro de Cajazeiras deve muito ao Governador Braga, por ser o homem que mandou construir o tão almejado Teatro de Íracles Brocos Pires - Teatro ICA.


DEIXE O SEU COMENTÁRIO OU COMPARTILHE 



terça-feira, 9 de abril de 2013

A Caatinga Nasce.

              Escreveu: Mariana Moreira


O som mavioso dos sabiás anuncia à presença da vida que se renova com as primeiras chuvas que emprestam uma roupagem mais colorida e alegre a paisagem trazendo uma nova sonoridade ao canto dos pássaros e um tom mais vibrante a fala humana. O verde que se espraia por morros, baixios, grotas e ribanceiras espanta a melancolia que se alimenta do cinza calcinante das secas. Esse cenário me contagiou no clima de recolhimento que marca a Semana Santa cujo feriado passei em Impueiras, assistindo a volta das chuvas que engravidam o riacho com suas águas barrentas e vestem de neblina e névoa o Serrote do Quati.

Esse cenário de som de pássaros e verde esfuziante somente é possível porque, nos últimos anos, assumimos o compromisso em preservar no entorno de nossa casa em Impueiras plantas nativas em áreas que, anteriormente, eram anualmente devastadas para o cultivo do algodão e de outras culturas de subsistência. Naturalmente, quando saem de cena as brocas e coivaras, começam a brotar baraúnas, aroeiras, marmeleiros, mufumbos, angicos, juazeiros, baraúnas, pau darcos e uma profusão de plantas típicas da caatinga que, numa impressionante harmonia e interação, vão cobrindo o solo escavado e trazendo fertilidade e vitalidade a terra. No mesmo compasso, começa a crescer a população de saguis, galos de campina, abre-fecha, rolinhas, três potes, sabiás, casacas de couro, joãos de barro e tantas outras aves que, nativas ou migratórias, abrigam-se nos ramos das árvores, fazem seus ninhos e garantem a continuidade das espécies. Nos beirais e frechais da casa rouxinóis constroem seus ninhos e, entoando sons inebriantes, antecipam a continuidade da vida nos filhotes que anunciam com muito barulho a chegada do alimento.

Vendo este cenário percebi como é simples preservar a natureza. Não carecemos de projetos mirabolantes ou programas dispendiosos para garantir que uma árvore brote, que uma ave monte seu ninho e perpetue a espécie, que um sagui transite livremente entre galhos e ramagens fazendo traquinagens e roendo resinas e frutos. A natureza é pródiga em aliviar as feridas que o homem lhe provoca. Ela tem um impressionante poder de regeneração e se recompõe no mesmo ritmo do abandono de práticas de devastação e de agressão. Uma coivara a menos sempre se converte em sementes a mais que, tangidas pelos ventos, trazidas pelas aves, garante a reprodução de novas espécies. Nada mágico ou mirabolante. Apenas o curso natural da vida que, sem interrupção ou intervenção, segue seu traçado entre o equilíbrio das espécies.

Para mamãe que, ao longo da vida, sempre alimentou e, sobretudo, preservou galos de campina, sagüis, três potes e tantos gatos, cachorros, bois, galinhas e filhos numa harmonia entre gente e bichos.

Mariana Moreira, 
Mora em Cajazeiras, é Professora Universitária e Jornalista.

sábado, 6 de abril de 2013

Dom João da Mata. Uma foto que parece mais um postal do que uma fotografia.


"Aos caríssimos... parentes e amigos, homenagem de gratidão. João - Bispo de Cajaeiras." 

Uma (rara) fotografia com dedicatória do Bispo Diocesano de Cajazeiras Dom João da Mata Amaral e Andrade (08/02/1898 - 07/11/1954). Natural de Altinho sertão de Pernambuco, o sacerdote esteve à frente da diocese de Cajazeiras entre os anos de 1934 a 1941. O religioso foi o responsável direto pela realização do 1º Congresso Eucarístico Diocesano, em 1939, um evento de cunho religioso-social em comemoração ao Jubileu de Prata da criação da Diocese e posse do seu Primeiro Bispo. Na diocese de Cajazeiras, o mesmo dedicou boa  parte do seu bispado as obras de vocações sacerdotais, tendo organizado a formação da Ação Católica e construção de sua sede própria. Na sede episcopal, reconstruiu o Colégio Diocesano Padre Rolim, tornando-o um edifício imponente (hoje tombado IPHAN), com dois pavimentos, cuja direção foi confiada, na época, aos Padres Salesianos. Reconstruiu o Ginásio Escola Normal Nossa Senhora de Lourdes, também com dois pavimentos. Reconstruiu o Prédio Vicentino. Construiu o Hospital Regional de Cajazeiras, depois encampado pelo Estado. Iniciou a construção do prédio da nova Catedral e concluiu o acabamento do Palácio Episcopal. Em outras cidades da Diocese, criou e instalou os seguintes educandários: Colégio Diocesano de Patos; Colégio Diocesano de Catolé do Rocha; Escola Normal Francisca Mendes, em Catolé do Rocha; Escola Normal de Itaporanga; Escola Normal de Princesa Isabel e a Escola Normal de Santa Luzia do Sabugi. 

DEIXE O SEU COMENTÁRIO



quinta-feira, 4 de abril de 2013

A espada brilhou à luz da lua


Francisco Cartaxo
cartaxorolim@gmail.com

A espada parecia uma lenda. Pendurada na parede como decoração encantava filhos e netos de Cristiano Cartaxo com histórias contadas pelos mais velhos. Era uma espada velha, feia, curvada, sem brilho, já um pouco amassada, muito diferente da outra pertencente a José Rafael, garboso tenente da reserva do glorioso Exército brasileiro, conquistada em plena Segunda Guerra Mundial. Esta espada vivia guardada numa capa e reluzia, tanto a bainha como a lâmina. Nova e bela. A outra, não. Era velha e fosca. Mas havia uma diferença fundamental: a espada do major Higino Rolim tinha história. Aliás, muitas histórias, a começar pelo timbre de Sua Alteza, dom Pedro II.

Conta-se ter sido usada na Guerra do Paraguai (1864-1870) por um parente distante. Para provar sua serventia patriótica os mais velhos apontavam manchas na lâmina e diziam ser resquício de sangue. De sangue paraguaio... é claro. (Hoje, penso que eram manchas de uísque importado do Paraguai...). Mas naquele tempo, eu acreditava piamente. E, cheio de patriotismo, vendia aquela lenda aos meus colegas de infância! Outra versão é mais verossímil. A espada pertenceu a meu avô, Higino Gonçalves Sobreira Rolim, e teria sido comprada na mesma transação que lhe permitiu ostentar os galões de major da Guarda Nacional, no final do século 19, quando aquela instituição já deixara de ser a Milícia Cidadã e se avacalhara a serviço de chefes políticos locais. Tal o caso de meu avô, um cidadão ligado ao Partido Liberal, no tempo do imperador Pedro II, e, na Primeira República, à facção partidária chefiada por Epitácio Pessoa, o maior oligarca da Paraíba.

De todas as histórias em torno da espada famosa, existe uma muito interessante. Nem é tão velha como as outras e traz à cena duas figuras conhecidíssimas em seu tempo: Joaquim Sobreira Cartaxo (Marechal) e Romeu Menandro Cruz. Ambos foram auxiliares do major Higino na antiga Farmácia Central, autorizada a funcionar pelo imperador Pedro II, em 1875. Os dois rapazes tinham fama de valente. E não só a fama. Marechal carregava o mistério de ter assassinado um soldado da polícia e Romeu foi um homem disposto, corajoso. Um homem com H, descrito na música de João do Vale, que, modernamente, Ney Matogrosso assumiu com perfeição vocal.

Pois bem, no começo do século 20, o quente em Cajazeiras eram os sambas nos sítios. Cachaça, quinado, vermute, conhaque de mistura com som a animar o rela-bucho debaixo da latada, a poeira feito redemoinho... Numa noite de lua cheia, Marechal resolveu ir para o samba de espada na cintura. E lá foi ele dançar, garboso, aquela marmota a balançar no meio do salão, sem escolher pernas, braço ou bunda de dama ou dançarino... Chega, gritou alguém. Aí, um grupo de bêbados decidiu acabar com a presepada de Marechal. Avançaram em cima dele, que não teve outra saída: correu na direção da capoeira de algodão e a turma atrás, pega, pega, toma essa peixeira de merda, pega esse safado, pega...

De longe, só se via a espada brilhando à luz da lua da cheia!

Ouvi de meu pai essa história narrada muitas vezes, ele rindo à beça da travessura do filho do seu irmão unilateral Joaquim Antônio do Couto Cartaxo. Tantino, porém, conta outra versão para o final do episódio. Diz ele que tomaram a espada de Marechal e, no dia seguinte, foram entregar a seu legítimo dono, o major Higino, dizendo-lhe que Marechal a havia esquecido na casa do compadre...