sábado, 23 de novembro de 2013

Yonas Pê: A arte de um cajazeirense em Sertãozinho/SP

Yonas Pê - Músico, Cartunista, Ilustrador,
Artista Plastico e Design Gráfico

O antigo Atelier de Artes Plásticas que pertencia ao Núcleo de Extensão Cultural, quando na época esse era dirigido pela Universidade Federal da Paraíba, hoje UFCG, foi marcante no desenvolvimento das artes visuais de Cajazeiras, pois revelou talentos e incentivou muitos a trabalhar sua sensibilidade amparada no gosto e na satisfação do criar e do fazer - processos desencadeantes que só a arte contempla a quem quer viver da arte. Que o diga Yonas Pê, que deve tirar suas conclusões a respeito da relevância que a arte tem em sua vida.

Yonas é um cajazeirense do seu tempo. Um artista multimídia, que mistura a profissão de músico com a de design gráfico, ilustrador, cartunista e se brincar, acho até que também deve ter experimentado o ofício das artes cênicas. A arte parece ser um antidoto que Yonas Pê carregar dentro de si e não troca por nada.

Na terra do por do sol que encanta e que não é efêmero, e sim permanente, pois nos contempla todos os dias com o seu brilho e sua cores plumárias durante as quatros estações do ano, Yonas, assim como Bosco Maciel, Carlos Cardoso, Vilma Maciel, Marcos Pê e tantos outros que deixaram a cidade na busca de um espaço maior para mostrar seus talentos é mais um desses artistas que onde estiver, ou com quem estiver, representará muito bem a nossa arte e a nossa cultura. 

De origem humilde, Yonas lapidou a sua sensibilidade artística vendo e vivendo os dons que seus avos demonstravam no dia-a-dia. Do seu avô materno herdou o gosto pelo desenho e do seu avô paterno a herança fez fluiu a paixão pela música, tendo a Banda Apocalypse um dos seus momentos mais significativos. Impondo a sua guitarra e um grito libertário no sertão, fez ecoar ao lado de Rocha, Gilberto, Fabiano Lira e Naldinho Braga, a marca do “rock and roll” da caatinga em vários lugares festivais espalhados pela região Nordeste a fora.

Nos anos 80, foi incentivado e levado pelo artista plástico Marcos Pê ao Atelier de Artes da antiga UFPB. Lá sob a orientação de Telma Cartaxo - coordenadora de Artes Visuais do NEC e demais integrante do Atelier de Artes, aprendeu mais um pouco do que já sabia nas aulas de desenho e pintura. E assim, começou a trabalhar melhor a sua sensibilidade e construir a sua arte, experimentando da cultura de Cajazeiras de tudo um pouco: a pintura, a música e o teatro.

Morando há 20 anos em Sertãozinho, São Paulo, Yonas Pê hoje é acima de tudo ativista cultural. Pois vive exclusivamente da arte e de sua defesa. Já tocou nas noites daquela cidade paulistana, usando o recurso da “voz e violão” para entoar as canções da MPB e também cantar a musicalidade tipicamente do interior nordestino. Trabalhou em agencias de publicidades e em serigrafias. Na metade dos anos 90, Yonas fez na cidade de Sertãozinho várias exposições de artes com temáticas diversificadas. No tradicional Salão Nacional de Humor de Piracicaba, o artista cajazeirense foi classificado duas vezes. Foi contemplado na categoria charge, para representar a regional onde está situada a cidade de Sertãozinho, no concurso do Mapa Cultural Paulista.

Casado, pai de um filho e buscando um trabalho mais independente, o artista multimídia cajazeirense Yonas Pê, montou o seu próprio bureau de criação onde desenvolve suas artes gráficas.

ALGUNS DESENHOS DE YONAS PÊ
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Quer ver mais trabalhos de Yonas Pê, acesse: 
http://yonaspe.blogspot.com.br/


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um tempo sem datas

por Alarico Correia Neto

Como era o Teatro Ica antes da reforma.



Não me amarro em datas. Basta a do meu nascimento, que envelhece mais do que a do meu aniversário, agora sem comemoração, porque virou “adversário”. Por isso não me reporto a tal ou qual ano da minha vida de atividades culturais por essa Paraíba afora, com paragens obrigatórias em Cajazeiras, “Onde, em práticas sem fim./ Deambulam as Musas:/ Na alma…”, como diria o poeta Manuel Bandeira.

Mas ainda lembro, foi na década de 1970, quando recebi a incumbência da Confederação Nacional de Teatro Amador (Confenata) de fundar a Federação Paraibana de Teatro Amador (FPTA), na idade dos vinte e tantos anos, que me tornei um “cajazeirado”. Quando eu não ia a Cajazeiras, Cajazeiras vinha a mim, pois a cajazeirada toda que morava em João Pessoa ou estudava em Recife baixava, nos fins de semana, na minha residência ou, depois, na casa de Beto Montenegro, com quem eu e o meu compadre Germano Mousinho passamos a dividir uma moradia nos Bancários.

Como tal, digo, como “cajazeirado”, apeguei-me às aspirações e pretensões do povo cajazeirense, principalmente no tocante à área cultural, principalmente quando o Grupo Boiada, tendo à frente Gutemberg Cardoso, montou a peça “A Cara do Povo do Jeito Que Ela É” (à memória de Paulo Pontes), de minha autoria; fiz-me presente nos movimentos em prol da construção da sua casa de espetáculos e, inevitavelmente, criando raízes de amizade e de identidade.

Nessa onda, conheci uma pessoa que, pela sua irreverência e liderança, despojada voluntariamente e com nítida sinceridade das suas condições de ser de família tradicional e de classe muito altamente favorecida, estava à frente de tudo que tivesse a bandeira do progresso e do desenvolvimento de Cajazeiras: Íracles Brocos Pires, popularmente conhecida como Dona Ica, que me permitiu chamá-la simplesmente Ica.

E lá ia ela, nos auditórios, nas emissoras de rádio, nos colégios, onde quer que houvesse quem lhe desse ouvidos, quase sempre com Telma Cartaxo atrelada aos seus propósitos, plantando a esperança e a fé em novos dias para a cultura e, de modo geral, para a população de Cajazeiras.

Quando possível, eu também ia a reboque, principalmente quando se tratava das atividades teatrais, porque era a minha área e também por interesse da Confenata. Tanto é que, fundada a FPTA, conseguimos eleger o cajazeirense Ubiratan di Assis seu primeiro presidente.

Porta aberta, fui entrando, como cachorro em igreja. Participei pioneiramente do projeto “Caja-já”, responsável por replantio de 200 mudas de cajazeiras no centro da cidade, e fui sócio-fundador e membro da diretoria do Centro de Tradições de Cajazeiras (CTC). Mas a satisfação maior veio com a construção do Teatro Íracles Pires, que também passou a chamar-se, na voz de Deus (quero dizer: do povo), “o Ica”.

Minha amiga Ica - amiga de todos nós que a admirávamos, quase a idolatrávamos, digo no plural porque nenhum de nós lhe era singular por exclusividade - eu e ela nos distanciávamos por 12 anos, mas ela se fazia igual a mim e a todos mais jovens do que eu, porque ela se rejuvenescia e se rejovializava em seu entusiasmo, na sua coragem, na sua dedicação às causas que abraçava e a que a todos nos levava.

Por termos estado, em algumas situações, tão juntos, como lutar pela construção do teatro de Cajazeiras, que cheguei a ser confundido como um dos “jovens engajados nessa ideia” ao lado de “Íracles Pires - atriz, teatróloga e, sobretudo, amante das artes em geral” (PALMEIRA, Balila. Os Teatros da Paraíba. João Pessoa: Academia Paraibana de Poesia; Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, 199, p. 98), quando eu não fui sequer um pingo d’água no oceano de competência, liderança, sabedoria e prestígio que foi a minha inesquecível amiga Ica.

Não foi por acaso que nominei Íracles, carinhosamente Ica, a minha filha nascida no ano da inauguração do teatro que, por reconhecimento e justiça, mereceu nome daquela ilustre e memorável cajazeirense. Quem conviveu com Ica, não importa qual tenha sido a data, viveu um grande tempo. Porque, como ela bem o diz em seu livro autobiográfico, que continua inédito, ela viveu todo o seu tempo, lamentavelmente tão exíguo pelo que ela precisava e merecia viver.


*ALARICO CORREIA NETO é jornalista, autor, ator e diretor teatral.






fonte: Correio das Artes-Ano LXIV, n° 07, setembro/2013
Uma das formações da Banda Apocalypse: (1991-93). Yonas Pê, 
Gilberto Álvares, Fabiano Lira (com 16 anos), Rocha Rochedo, 
(em memória) e Naldinho Braga. 

Revendo a Banda Apocalypse - a 22 anos atrás.

      Uma viagem a um passado não muito distante da música cajazeirense. Ou melhor dizendo, do "Rock and Roll" cajazeirado. O vídeo abaixo revela uns dos momentos da Banda Apocalypse em ação, durante uma das versões do MPBSESC, em João Pessoa, em 1991. Como filho natural de Cajazeiras e um defensor de sua arte e estando naquele momento na equipe de cultura do SESC, vi de perto e aplaudi a performance dos cinco cavaleiros da Apocalypse. No vídeo, a Banda executa duas músicas “Lugar ao Sol” e “BR Brasil Estação 2000”, todas compostas por Gilberto Álvares (camiseta branca, boné e guitarra solo). Os outros músicos da banda visto nessa apresentação que ocorreu na Área de Lazer do SESC, no dia do festival, são: Yonas Pê (guitarra base), Naldinho Braga (contrabaixo), Fabiano Lira (bateria) e Rocha Rochedo (vocalista - já falecido). Na imagem é possível ver ainda, o poeta cajazeirense Irismar di Lyra, na época, um dos jurados do MPBSESC.


      Mais Banda Apocalypse. Nesse outro vídeo abaixo; num Show em Cajazeiras, em 2012 - após 7 anos sem aparição nos palcos da Paraíba, Gilberto Álvares e Naldinho Braga, decidiram fazer a alegria da galera. Música executada no vídeo: "Filhos do Caos" de Gilberto Álvares. 



    Também abaixo, três, das publicidades produzidas para divulgação da banda. A primeira criada por Gilberto Álvares mostra uma imagem da morte sobre o morro do cristo rei. A segunda é um cartaz produzido em 91, com desenho de Ionas Pê e arte de Gilberto, impresso na serigrafia de Zezinho Barbosa. A publicidade anuncia um show da banda no Bar do Rock, do saudoso João Simão. A última, impressa em offset entre 2003 e 2004.




Outros momentos da banda







quarta-feira, 6 de novembro de 2013

As rimas e violas de Gerson Carlos de Morais

O poeta e repentista Gerson Carlos de Morais


por Cristiano Moura

Gerson Carlos de Morais nasceu a 5 de outubro de 1928 no Sítio Ingá, município de Ipaumirim (CE), filho de José Carlos de Morais e Joaquina Hosana de Souza. Cursou a primeira série ginasial em 1953. Trabalhou de balconista nos estabelecimentos: Armazém São Paulo e Armazém Paulista, de Francisco Matias Rolim, nas Nações Unidas, de Joca Claudino, e no Armazém das Fábricas, de Waldemar Matias Rolim.

No dia 31 de maio de 1964 fundou o programa “Quando as Violas se Encontram”, na Difusora Rádio Cajazeiras, onde cantou cinco anos com os cantadores: José Vicente de Souza, Francisco Guedes Garcia, Geraldo Amâncio Pereira, Sebastião da Silva e Raimundo Borges. Fundou o programa “Rimas e Violas” na Rádio Alto Piranhas; em sua fundação, entregou-o aos cantadores José do Monte Neto e João Tavares de Sousa. Anos depois, Gerson Carlos ficou no programa “Rimas e Violas”, com os cantadores Fenelom Dantas, José Monte e Expedito Sobrinho.

No dia 31 de maio de 1975, por sua criatividade, com apoio de José Monte Neto, Expedito Sobrinho, João Amaro, J. Abel, Francisco Genésio, Vicente Correia, Valdeci Bezerra e seu amigo sargento Nonato Correia Lima, fundou a Associação Cajazeirense dos Violeiros e Poetas Populares (ACVPP), sendo o primeiro presidente e voltando à presidência por vários mandatos.

Foi vereador em Bom Jesus, pelo PSL, de 1979 a 1982. Em 1997, lançou o livro “Pérolas da Poesia”. Faleceu a 30 de outubro de 2013, em São Carlos (SP), aonde residia atualmente ao lado da esposa Dulce Carlos, das filhas, genros e netos.






do blog: coisadecajazeiras

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Cajazeiras, a cidade palco
Escreveu: Chico Cardoso

Um dos mais importantes capítulos da história do teatro, na Paraíba, tem como cenário o município de Cajazeiras, no Alto Sertão. A tradição daquela cidade, no campo da educação e cultura, se traduz na frase que a tornou célebre e a imortalizou: “Terra que ensinou a Paraíba a ler”.

A tradição cênica de Cajazeiras consolidou-se pela atuação de grupos teatrais, de que são exemplos Os Romeiros do Futuro, Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC), Moderna Equipe de Teatro Amador de Cajazeiras (Metac), Grupo Boiada, Grupo de Teatro Amador de Cajazeiras (Grutac) e Grupo Terra.

Entre os construtores do teatro cajazeirense, destacam-se, entre outros, Hildebrando Assis, Íracles Pires, Chico Cardoso, Tarcísio Siqueira, Gutemberg Cardoso, Geraldo Ludgero, Ubiratan de Assis, Eliézer Filho, Marcélia Cartaxo e a “tríade lírica” formada pelos atores Buda, Soia e Nanego Lira.

Há muito mais gente nessa história e o espaço ficaria pequeno para citar todos os que edificaram o teatro em Cajazeiras. De qualquer modo não poder ser esquecidos Laci Nogueira, Ju Coelho, Auxiliadora Braga, Jocélio Amaro, Aguinaldo Cardoso, Beethoven Dantas, Sílvia Siqueira e Rosângela Alencar.

O Correio das Artes destaca o fazer teatral em Cajazeiras, trazendo como homenagem maior uma série de artigos sobre a atriz e diretora teatral, radialista, animadora e gestora cultural Íracles Brocos Pires, que faleceu no dia 9 de março de 1979 em acidente automobilístico na cidade de Jequié (BA).

Chico Cardoso abre a panorâmica sobre a história do teatro em Cajazeiras e Soia Lira, Marcélia Cartaxo e Eliézer Filho relebram os primeiros passos nas artes cênicas, na “Terra do Padre Rolim”. Já Nonato Guedes, Alarico Correia Neto, Jeanne e Saulo Pires figuram entre os que escrevem sobre Íracles Pires.



fonte: (Cristiano Moura) coisasdecajazeiras.com.br