domingo, 26 de janeiro de 2014

         Importante opinião de "Frassales" sobre os conteúdos dos cursos de pós graduação, aplicados pelos grandes centros universitários hoje e necessidade de uma universidade mais voltada para o estudo da realidade regional.



Diocese de Cajazeiras e a UFCG
Por Francisco Frassales Cartaxo


Seria bom que este ano alunos e professores do campus da UFCG coloquem seus conhecimentos a serviço da história da centenária diocese de Cajazeiras. Ali, ao lado das Casas Populares, há um centro de saber acadêmico, formado às expensas de recursos públicos, com professores capazes de mergulhar no passado e enxergar facetas difíceis de serem captadas por simples curiosos. Não se trata apenas de questão de conhecimento, do domínio de teorias ou de técnicas de investigação. Isto é pré-requisito. Impõe-se algo mais, por exemplo, a vontade de utilizar os fundamentos científicos, as ferramentas de pesquisas inerentes às ciências sociais, em particular à história, para apreender as peculiaridades locais, situando-as em contexto amplo, regional e nacional. Obras fundamentais para entender o Brasil estão cheias de citações de estudos específicos de caráter sub-regional e local, sem os quais a interpretação do mundo real se resumiria ao acúmulo de conhecimentos, muitas vezes, produzidos lá fora, sem o devido cuidado em operar a necessária redução sociológica. Espero que o campus tenha adquirido ultimamente mais abertura para as questões locais.

Em 2006, quando recorri ao saber acadêmico de nossa Universidade em busca de luzes para clarear a história política de Cajazeiras, constatei existir certa má vontade com as coisas do sertão. É claro que encontrei boa vontade e apoio para troca de ideias com professores amigos. O foco do meu estudo era história política, do qual resultou modesta contribuição divulgada no livro “Do bico de pena à urna eletrônica”. Mesmo sem calibre teórico, eu tentava incursão no patrimonialismo, desejoso de fornecer exemplos concretos de sua prática em Cajazeiras. Em contato com respeitado professor, situado no topo da carreira docente, doutor que é, fui surpreendido com sua concepção do papel da academia em lugares como Cajazeiras. Disse-me mais ou menos isto:

1º Bispo de Cajazeiras, de 1915-1932
“Dessas coisas de política local eu não cuido. Minha função é outra, é transmitir aos alunos conceitos básicos, teóricos, princípios etc. E isso você pode ler nos meus textos preparados para os estudantes. Os textos estão disponíveis, ali.”

Disse enquanto apontava o dedo para a barraca da Xerox. Adquiri-os. Mais tarde mergulhei na leitura da sua apostilha. Na segunda página, não pude segurar o bocejo, tantas eram a citações entre aspas. Uma atrás da outra. Dezenas de conceitos de autores de todas as partes do mundo. Nada contra. Mas aquilo não me seduzia. Talvez comova o coitado do aluno, obrigado a fazer prova... Eu procurava algo mais simples, menos distante, um link entre o saber acadêmico e a realidade histórica local.


Ao recordar esse fato, penso que fui exigente, desfocado da rotina da academia. Enfim, devo ser um cara chato... O episódio, de sete anos atrás, provocou em mim a estranha sensação de que importa mais empurrar nos alunos, goela abaixo, o produto da assimilação de conhecimentos obtidos nos cursos de mestrado, doutorado, pós-doutorado, ministrados em grandes centros do saber acadêmico. E só. Aplicá-los à vida local seria tarefa subalterna? Confundida, talvez, no caso específico dos estudos de história política de Cajazeiras, com algo desprezível ou passível de contaminar a pureza do saber acadêmico. Espero estar enganado e que o centenário da diocese seja iluminado com as luzes do campus da UFCG.


do blog: sete candeeiros cajá

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Com a palavra, Adjamilton Pereira:


Mais Antenas no Cristo Rei, que perdeu a condição de cartão postal de Cajazeiras



O faz de conta com relação ao cumprimento da legislação municipal, notadamente o código de postura, meio ambiente, de ocupação do solo, de zoneamento e tantas outras leis aprovadas pelas câmaras municipais, quando a sua fiscalização depende das Prefeituras se evidencia no dia a dia, nos diversos municípios brasileiros, sem que os responsáveis em fazer com os mesmos sejam obedecidos sofram uma ave Maria de penitência. Quando são apertados pelo Ministério Público, lhes dão cumprimento para não serem responsabilizados, mas correm para a imprensa para dizer que quem está determinado o cumprimento da lei é o promotor de justiça. Agora, se for para perseguir os adversários políticos, a maiorias dos gestores desengavetam até leis que já caíram no desuso. Em Cajazeiras não tem sido diferente, mas o problema já vem de longas de datas. O que se espera é que as novas gestões, antenadas com os novos tempos, tenham uma postura moderna de ser intransigente com o princípio da legalidade.

Foi por posturas omissivas, que um dos mais belos cartões postais de Cajazeiras, o Morro do Cristo Rei, se transformou numa parafernália de antenas. O pior é que, sem determinação política e sem coragem para enfrentar o problema e retirar as antenas, resolvendo a poluição visual e as conseqüências danosas para a saúde dos moradores das imediações, o poder público vem permitindo a repetição da ocupação daquele belo espaço.

É bom lembrar, que o atual vice-prefeito da cidade, Júnior Araújo, ocupou espaços generosos na imprensa para dizer que iria retirar as antenas. Era só conversa, sequer estão impedindo a colocação de novas antenas. E o que dizer para quem foi obrigado a retirar placas com propagandas nas ruas da cidade e, agora, observa novas empresas fazendo a ocupação indevida, com o beneplácito da administração municipal.


fonte: http://adjamilton.jornaldaparaiba.com.br

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


Memórias do meu Cinema Paradiso
por Cluedimar Ferreira

Sempre foi apaixonado por cinema. E essa paixão não troca por nada. A imagem do garoto dirigido por Giuseppe Tornatore me faz voltar no tempo em que eu era um biscateiro nos lixos dos cinemas de Cajazeiras. Sempre a procura de um pedaço de fita de cinema e alguns fotogramas de filmes de faroeste - os meus preferidos. Usava esses restos de películas para brincar de cinema com os meninos da minha rua. Se pudesse voltar a esse tempo, faria tudo de novo. Depois, o contato natural com esse ambiente cinéfilo foi estreitando a minha amizade com os funcionários nas salas de projeção e assim acabei me tornando amigo dos operadores de projetores dos Cines Teatro Apolo XI e Pax.

Ai tudo ficou mais fácil. Tornei-me também mais tarde auxiliar de projeção desses cinemas. Aprendi a revisar os enormes rolos de fitas e depois passei a operar os projetores. Auxiliei muitas vezes os titulares dessa função nesses cinemas sem ganhar um centavo, só pelo prazer que sentia em está no cinema e pela magia que esse encantava meus olhos.

Grandes produções assisti. Ajudei a operar aquelas imensas máquinas. Em outra fase dessa minha afinidade com os cinemas de Cajazeiras, passei a dividir a programação de rua com o titular dessa função. Uma atividade em que para mim era a melhor de todas. Pois costumeiramente, um dia na semana eu ia a Rodoviária com Cícero Alves (o Cícero do Bradesco), buscar os latões de filmes que vinha de ônibus do Recife. Para mim às quartas-feiras - dia em que os filmes chegavam da capital pernambucana era o melhor dia da semana.

Ficava apreensivo, esperando abrir os latões para ver os cartazes, as fotografias e os rolos de fitas. Depois me deslocava com Cícero até uma das salas do Cine Pax para confeccionar as tabuletas com os cartazes dos filmes do dia que eram colocadas na Praça João Pessoa com a Rua Padre José Tomaz e Estação Rodoviária. Como eu era para Cícero, um excelente letrista, essa atividade era praticamente feita por mim. 

Tempos depois veio o Cinema Novo. Nesse período, passei a integrar a equipe do Cineclube Vladimir Carvalho, num período em que o mesmo estava praticamente fechado. Mas como o tempo não é eterno, e junto com ele tudo passa, como passa nossas vidas. Essa fase com a decadência do Cineclube me trouxe mais experiência e bem mais afirmação cultural. Atributos essenciais para a minha formação e definição política ideológica.

Foi um tempo bom. Aprendi mais a ser questionador e crítico do meu tempo e entender que a decadência do Cineclube não era empecilho para nos desanimar. Eu e Eugênio Alencar colocamos dois projetores de 16 mm doados pelo Instituto Gehts Alemã do Recife, em um carrinho de mão e saímos às noites pelos bairros, associação de moradores e sindicatos da minha querida Cajazeiras, exibindo documentários de graça para as pessoas interessadas nesse tipo de cinema. 

Uma cópia do documentário "O que eu conto do sertão é isso", doada ao cine clube por Romero Azevedo, um dos produtores do filme, foi a película que a gente mais rodou nas fachadas das residências dos bairros de Cajazeiras. Lembro que depois de cada seção, havia sempre discussões e questionamentos a respeito dos filmes que eram exibidos para comunidade.

Hoje as lembranças desse passado, com o passar do tempo, enciste em deixar e fugir da minha memória de 55 anos. Mas para prendê-las dentro de mim, sonho quase todas as noites com esse Cinema Paradiso que passou, levando com ele um pouco da minha adolescência e da paixão pelo cinema da minha terra que envelheceu e quase já não existe mais.



Informe publicitário do filme Superman no Cine Éden, 
publicado no Jornal Tribuna da Paraíba, do dia 02 de junho de 1979. 
O Cine Éden era de propriedade do senhor Carlos Paulino.


Página da agenda de Eduardo César Guedes (último dono do Cine Éden), 
com  endereços e telefones de distribuidoras de filmes no Recife


Cartão Permanente do Cine Éden


  
 

Recortes de Jornais de épocas com notícias e propagandas 
com a programação dos Cine Éden e Moderno






créditos das imagens:
1- Philippe Noiret e Salvatore Cáscio em "Cinema Paradiso"
2- John Weyne em "Rastro de Ódio"
3- Cartaz de divulgação do Cine Éden na Praça João Pessoa.
4- Prédio onde funcionou o Cine Teatro Apolo XI

sábado, 11 de janeiro de 2014

A História de um Cajazeirense Vencedor


Quase memória: 

Pereira Filho. Uma trajetória de luta e realização.

por   P e r e i r a  F i l h o 


Quando eu era menino lá em Cajazeiras, não tinha a ideia que certo dia eu iria deixar a minha cidade para residir em uma outra, principalmente em Brasília. No início da década de sessenta, devido à falta de emprego, eu via muitas pessoas em Cajazeiras deixarem a cidade para morar em outras cidades brasileiras, principalmente São Paulo. Naquela época, a Viação Brasília, de Raimundo Ferreira, tinha um horário diário de saída para a capital paulista e os ônibus saiam com lotação máxima de passageiros, a exemplo dos jovens da cidade quando terminavam de servir o Tiro de Guerra, logo compravam a passagem para ir morar em São Paulo. Me lembro, também de muitos estudantes que terminavam de concluir o curso Ginasial, iam prestar vestibular em várias capitais do Nordeste, principalmente em João Pessoa, porque em Cajazeiras só tinha a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIC). 

No dia 13 de dezembro de 1971, às vinte e uma horas, estava eu trabalhando na Rádio Alto Piranhas, em mais uma noite quente na cidade, quando recebi a visita de meu irmão Eduardo, me informando que o caminhoneiro João Nestor, cunhado de mamãe, estava lá em casa me esperando para viajar para São Paulo. Além João Nestor, seu sobrinho Zé, que era seu auxiliar de motorista. Faltava doze dias para minha colação de grau do curso Ginasial, bem como a festa que se realizaria no Cajazeiras Tênis Clube. Falei para ele que não ia para casa, porque eu não queria ir para a capital paulista. Ele insistiu e me falou: “Você vai pra casa e chegando lá, fale pra mamãe que não quer ir pra São Paulo”. Fui pra casa e ao chegar lá, minha mãe falou: “Vá embora para São Paulo morar na casa de Josina (irmã de minha mãe). Aqui em Cajazeiras você não vai ter emprego que tenha futuro”. Ela continuou. “Se você não for pra São Paulo, não entra mais em casa e vou escrever para seu pai. Sua mala está em cima da carga”. Meu pai trabalhava em João Pessoa. O caminhão FNM (fenemê cara chata) estava carregado de milho para ser entregue na cidade baiana de Amélia Rodrigues. Saímos de Cajazeiras pela saída do Ceará e quando estávamos passando em frente ao meu Colégio Estadual, nesse momento pensei - só volto a esta cidade daqui a três anos para passear. Chegamos em Amélia Rodrigues dois dias depois após a saída de Cajazeiras. 

Chegando em Amélia Rodrigues, ele descarregou o Fenemê e pegou um frete de minérios para o Rio de Janeiro. Essa viagem para São Paulo não estava na minha agenda, porque quando eu estava cursando o Ginasial, juntamente com Kérson Maniçoba e Dedé Cabôco, planejávamos morar no Rio de Janeiro. Na minha vida, a maior viagem que eu tinha feito, foi pra João Pessoa. Saímos de Amélia Rodrigues, pegamos a BR-116 Rio-Bahia no estado de Minas Gerais, entramos no Estado do Rio de Janeiro, passamos em Petrópolis e Teresópolis - cidades serranas - a seguir descemos a serra e, finalmente, chegamos ao Rio. Nesse dia, chovia muito no Rio e a carga foi entregue no bairro da Tijuca. Não fiquei no Rio, porque não tinha dinheiro para hospedagem e nenhum conhecido na cidade para me dá apoio. No dia seguinte, com o caminhão vazio, fomos pra São Paulo. Chegando lá, ele me deixou em Diadema, cidade da Grande São Paulo. Foram dez dias de viagem de Cajazeiras a São Paulo, passando pelo Rio. Durante a viagem não gastei um tostão, porque não tinha grana e João cozinhava o almoço e jantar, no próprio caminhão. 

Chegando em São Paulo, fui trabalhar na fábrica Resil, fornecedora de peças para a Volkswagen, na função de Conferente de Produção. Depois fui trabalhar na Auto Viação São João Clímaco na função de cobrador. Dias depois, a Rádio Clube Santo André convocava jovens para fazer testes para locutor, fui lá, passei no teste em terceiro lugar e, em conversa com o diretor da emissora, fiquei sabendo que estavam precisando, de imediato, de apenas dois locutores. Por ter ficado em terceiro lugar, não fui contratado. Assim, Brasília foi o meu destino final. Por ser uma cidade nova, atraiu ainda mais a minha atenção. Comecei como Vigilante na Confederal. Depois, Leiturista Entregador na CEB (Companhia de Eletricidade de Brasília), Técnico em Estatística do IBGE, Escalador de Voo da Varig, Auxiliar Administrativo da TV GLOBO, Auxiliar Técnico da EBN (Empresa Brasileira de Notícias), Operador de Computador da RADIOBRÁS (Empresa Brasileira de Comunicação). Ufa! E, finalmente, me encontro atualmente na função de Produtor de Estúdio da Rádio Nacional de Brasília, empresa da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. No último dia 13 de dezembro de 2013, completou-se 42 anos dessa aventura Quixotesca. 42 anos que deixei a Terra do Padre Rolim.



fonte ac2brasilia
crédito fotográfico Acevo Cipemar 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Coronel Justino Bezerra


O Barão das Cajazeiras
Por Francisco Cartaxo


Coronel Justino Bezerra é nome da rua, que começa na padre Manuel Mariano e finda na avenida engenheiro Carlos Pires de Sá, perto do Cemitério Coração de Maria. Justino Bezerra era um homem rico, comerciante, proprietário rural, político atuante no final do século 19 e início do século 20. Exerceu com desenvoltura a chefia política em Cajazeiras, tendo sido prefeito muitos anos, quando a Paraíba vivia sob o domínio da oligarquia chefiada por Álvaro Machado. Fazia contraponto à hegemonia dos Rolim, Cartaxo e Coelho. Por coincidência, coronel Justino faleceu em 1913, pouco mais de um ano após a morte de seu grande chefe.

O padre Raimundo Honório Rolim conta que o coronel Justino Bezerra tentou conseguir o título de barão. Teria sido o Barão das Cajazeiras? É provável que tenha desembolsado razoável quantia para comprá-lo. Pelo menos, se dispunha a fazê-lo.

Mas a República amanheceu na casa do imperador Pedro II e, de madrugada, deportou a família real. Lá se foi assim a distribuição de honrarias em troca de dinheiro, e apoio material e político à Monarquia. Depois que dom João VI se instalou no Brasil, fugindo do exército de Napoleão, teve início a concessão de títulos de “nobreza” a ricos fazendeiros, produtores de café e açúcar, banqueiros, comerciantes, donos e traficantes de escravos. Era uma troca de favores entre o poder e homens ricos, militares, chalaças e mulheres.

Duque era o título mais importante. Na seqüência vinham os de marquês, conde, visconde e, por último, o de barão, o mais insignificante nesse mercado de vaidades e interesses, muitas vezes, escusos. Mesmo assim, quem desejava ser barão haveria de desembolsar uma pequena fortuna, equivalente, na época, a 4 ou 5 anos de trabalho de um soldado, um alfaiate ou um carpinteiro, segundo estimativa de Laurentino Gomes no seu mais recente livro, “1889”. O título de duque valia três vezes mais do que o de barão. Em tempo de crise, as concessões nobiliárquicas aumentavam muito, como sucedeu nos estertores da Monarquia. Muitos militares foram então agraciados, numa tentativa do Império granjear a simpatia das armas. Tantos que até virou piada. Dizia-se: “Sai daí, cachorro, senão eu ti faço barão”...

Nem por isso, o coronel Justino Bezerra conseguiu seu galardão. O velho monarca Pedro II já havia sido deposto, quando, mesmo assim, o visconde Nogueira da Gama lhe trouxe, burocraticamente, uma pasta com um monte de papeis, inclusive títulos de barão, prontinhos para assinatura, no último suspiro do poder... Quem sabe, o ato do coronel Justino lá estaria encalhado no meio daqueles quase documentos.

Não era só dinheiro, porém, o fermento da “nobreza” brasileira. Havia outras motivações para o reconhecimento do imperador. O título de duque era o topo da honraria. Durante décadas, até 1889, só duas pessoas tiveram a glória de exibir tamanho privilégio: Luís Alves de Lima e Silva, o famoso Duque de Caxias; e Isabel Maria de Alcântara, a duquesa de Goiás, filha de Domitila de Castro, a amante preferida, entre as muitas do imperador Pedro I, que, aliás, a fez marquesa de Santos. Caxias conquistou seu título, lutando na Guerra do Paraguai. E Domitila? Na cama. Mas isso é outra história...



fonte (colunistas) Diário do Sertão

domingo, 5 de janeiro de 2014

O ADEUS A PEDRO REVOLTOSO

Pedro Revoltoso - de jogador a árbitro de futebol e porteiro
dos clubes: 1º de Maio, Tênis e Jovem Clube.



Pedro Revoltoso, o cidadão de Cajazeiras. 


Escreveu R e u d e s m a n  L o p e s

Doutor, era assim que Pedro Revoltoso me chamava, mas, quando me aproximei dele, entendi que o “doutor” como ele se referia a nós, cabia muito mais ao cidadão Pedro Revoltoso que a este seu amigo. Na verdade, ele foi em vida, um verdadeiro “doutor” desta, pelo seu jeito de ser, de tratar a esposa, os seus filhos e aqueles que tiveram o imenso privilégio de gozar da sua amizade.

Mas, quero falar em dois tempos do Pedro Revoltoso que assim o conheci e de quem tive o privilégio de ser um dos seus bons e grandes amigos.

No primeiro tempo, ainda garoto e levado pelo meu pai ao Estádio Higino Pires Ferreira para assistir aos grandes jogos dos anos 60 e uns poucos dos anos 70, via este cidadão com a sua imensa energia e força dirigir no apito os grandes duelos do futebol cajazeirense e aquelas partidas que tradicionalmente as chamamos de amistosos ou intermunicipais e/ou interestaduais. Ali se configurava o verdadeiro Pedro Revoltoso, enérgico, durão, disciplinador e que cumpria rigorosamente as leis do futebol.

Pedro Revoltoso. O último, vestindo a camisa
do Atlético Cajazeirense de Desportos
Depois, já na fase da adolescência, vi e acompanhei Pedro Revoltoso como um sério trabalhador nas portarias dos clubes sociais, mais notadamente no Cajazeiras Tênis Clube. O tempo passou, fui para a capital para concluir os estudos do segundo grau e buscar uma graduação via vestibular, terminei esta fase e voltei para Cajazeiras e reencontro Pedro Revoltoso cada vez mais ativo e altivo e foram as suas “rifas” que nos aproximou. Logo pensei, vou ajudá-lo e, assim me tornei um “freguês” e aqui acolá lá chegava Pedro Revoltoso na minha residência trazendo a minha sorte, aliás, foram muitas as vezes.

Zé Gonçalves e Pedro Revoltoso
No segundo tempo, que veio com o meu trabalho nas pesquisas sobre o futebol cajazeirense, vi e ouvi muitas histórias e estórias sobre Pedro Revoltoso, e neste caso me reporto ao saudoso Aranha que sempre enaltecia o futebol jogado pelo companheiro no Atlético dos anos 50, depois, a mesma coisa me falaram Tantino Cartaxo e Diá.

Na vez de falar com Pedro sobre o Atlético Cajazeirense de Desportos e a sua participação no futebol local, não resta a menor dúvida que foi um jogador de um potencial a se considerar. Jogou no Vasco de Edson Feitosa e no Atlético e, nesta fala, comentou com imensa alegria o seu forte laço de amizade com o empresário João Claudino a quem tratava como um pai, um irmão.

Pedro Revoltoso se foi é verdade, mas deixa-nos um legado de amor à família, aos amigos e a Cajazeiras. Cabe-nos reverenciar este homem que, de fato, foi um verdadeiro cidadão de Cajazeiras.



fonte: blog setecandeeiroscajá