quinta-feira, 24 de abril de 2014

Destaques Banda Fino Soul, de Cajazeiras, propõe música sofisticada e lança 1º videoclipe



Primeiro single do grupo antecipa lançamento
de DVD experimental

Já está disponível no You Tube o primeiro videoclipe do projeto musical Fino Soul. Na verdade, o Fino Soul já deixou de ser um projeto faz tempo. O que podemos ver e ouvir no videoclipe do primeiro single do grupo, “Às Margens do Leblon”, é a consistência musical e visual de uma banda que já nasceu amadurecida. Mais que isso, uma banda que não veio para propor o mais do mesmo que transborda nos bares e casas de show da cidade, mas sim oferecer uma música sofisticada e, como sugere o nome da banda, de fino gosto.

Formada, em sua maioria, por estudantes universitários, a banda surgiu em Cajazeiras em 2013 e desde então vem se apresentando em bares e eventos diversos na região. Mas com uma proposta diferenciada e um estilo próprio que mistura elementos do soul, jazz, blues, bossa nova, samba, mpb e pop rock, não será surpresa vê-la levantar voos mais altos no cenário musical paraibano e, quiçá, brasileiro.



Professor no curso superior de Automação Industrial do IFPB de Cajazeiras, Raphaell Sousa (piano e escaleta) usou um termo tipicamente tecnológico para dissertar sobre a proposta musical da banda. “A Fino Soul divide seu repertório entre músicas autorais, como é o caso de ‘Às Margens do Leblon’, e covers. Sendo que nesse segundo caso procuramos dar uma nova roupagem às canções, como uma espécie de decodificação das músicas, mas sem fugir por completo das suas características originais”.

Recentemente a banda gravou um DVD experimental (ainda em fase de edição) com oito canções, das quais duas são autorais: “Descompasso” e “Às Margens do Leblon”. Essa última, uma balada suingada ao melhor estilo da soul music americana, de autoria de Raphaell e Luis Fernando Mifô, faz referência ao por do sol de Cajazeiras e à praça popularmente chamada de Leblon, às margens do Açude Grande (assista ao clipe logo abaixo).

O grupo é composto ainda por Suiâmya Rodrigues nos vocais; Max Lima na guitarra, violão e voz; Ítalo Lídio no contra-baixo e Júnior Alves na percussão.



fonte: exatasnews.com.br

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Chico Amaral, GTE e o Teatro Comunitário de Cajazeiras dos anos 80

por:  C l e u d i m a r    F e r r e i r a


Grupo Teatral Esperança (GTE). Imagem de 1985 - 86,
peça: O Casamento de Maria Feia.

A memória do teatro amador de Cajazeiras pode também ser lembrada, tendo como base nas características das células que ajudaram a entender como se formou o perfil do seu movimento na cidade.

No início do século 20, as primeiras células desse movimento, por exemplo, centralizavam-se na Casa da Câmara, onde a vida social da cidade era pulsante, com seus saraus dançantes, sessões cívico-literais e encenações teatrais. 

Com o passar do tempo, aportamos nos anos 50 com o teatro clássico dirigido por Hildebrando Assis; depois nas décadas 70 e 80, com Ica Pires, Ubiratan Assis, Tarcísio Siqueira, Eliezer Rolim e o teatro popular periférico de Francisco Amaral e Antônio dos Anjos.

Francisco Amaral (Chico Amaral) foi um desses intuitivos dirigentes de grupo que usou fazer seu teatro de forma independente, distante da estética teatral que se via em cena, protagonizada por diretores como o próprio Ubiratan Assis (GRUTAC), Tarcísio Siqueira (METAC - depois CAJÁ) e Eliezer Rolim (TERRA).


Acostumado ver os dramas clássicos exibidos nos tradicionais palcos giratórios, montados pelos pequenos circos que baixava em Cajazeiras, bem como, as próprias apresentações teatrais feitas no centro pelos grupos de vanguarda, Chico Amaral mesclou as suas dificuldades com os limites de seu entendimento cênico e a difícil vida social de sua comunidade - O Bairro da Esperança, e começou a fazer um teatro que representava a resistência de uma juventude, distante dos cursos oferecidos, na primazia por Ica Pires e anos depois por Ubiratan Assis a frente da direção do Teatro Ica.  

A sua perseverança o fez crescer e influenciar no surgimento de outros grupos na comunidade, como foi o caso da formação do Grutepazeu, e mais tarde, o Grupo Teatral Esperança (GTE) dirigido pelo próprio Amaral, todos integrados por adolescentes, assim como foi o Grupo de Teatro Terra. Imaginamos aqui, se um desses grupos tivesse o destino que o Grupo Terra teve - que foi apadrinhado na sua essência por integrantes da chamada vanguarda teatral de João Pessoa! Talvez a memória do nosso teatro fosse vista sob outro ângulo e a sua história tivesse outra forma de ser contada.

A resistência cênica da zona sul, liderada por Chico Amaral, foi marcante para fundação da primeira associação de teatro na cidade - a antiga Associação de Teatro Amador de Cajazeiras (ATAC); na junção dos grupos Brasileirinhos, GTE e Grutepazeu; que culminou na realização da primeira montagem da Paixão de Cristo ao ar livre, no morro do Cristo Rei e na formação da identidade do teatro comunitário de Cajazeiras, nos anos 80.  
          



Imagens do acervo de Chico Amaral

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ica na cabeça



Ica e o teatro em Cajazeiras nas 
lembranças do ator Buda Lira. 

Foi o meu segundo ou terceiro contato com um espetáculo de teatro. Batia pernas pelas ruas da cidade, como costumava fazer entre 1970 e 1971, em Cajazeiras, se a memória não falha, acompanhado da turma do ginasial do Colégio Estadual, tarefa facilitada com a ausência do Major, que chefiava a Coletoria do Uiraúna. Os primeiros foram os genuínos dramas circenses do Gran Bartolo Circo, que aportava na cidade, onde hoje está localizado o Chamegão, ao lado do Tiro de Guerra.

Nessa noite, passávamos por acaso pelo Cine Teatro Apolo(*), quando entramos de leve pra saber o que rolava. O porteiro respondeu que não era cinema, era um drama. Entramos, ficamos em pé, por trás das últimas cadeiras, pois facilitaria a fuga, em caso de desaprovação. O fato é que fomos ficando e acabei sentando e vendo até o final o espetáculo Dona Xepa, peça de Bloch e dirigida por Dona Ica.

As informações sobre o autor vieram muito depois, mas a direção e o elenco, essas tomei conhecimento imediato e ficaram grudadas na memória. Demorei a acreditar no fato de que um rapaz do cartório(Ju Coelho), um funcionário de banco (extraordinário ator Mesquita), uma professora, Francisquinha Costa, Laci Nogueira, dentre outros, fizessem um teatro tão encantador como aqueles do Teatro de Amadores de Cajazeiras. Iguais, só nos cinemas e por isso a minha descrença de que essas pessoas fossem mesmo de Cajazeiras.

Acho que, antes, no centenário da cidade de Cajazeiras, em 1964, vi na escadaria principal do açude grande, que faz com a Praça João Pessoa uma caixa acústica de primeira, o Auto da Compadecida, com a participação dessas e de outras figuras da terra. Não estou bem certo se vi mesmo esse espetáculo. Jarismar, amigo do meu pai Major Chiquinho, trabalhando com ele na Coletaria nesse período, também estava nesse espetáculo. Não sei se foram as fotos que vi depois ou se eu mesmo vi a peça.

Vi, depois de algum tempo, a ousada montagem de Édipo Rei, também dirigida por Dona Ica. Nesse espetáculo já despontavam pessoas mais próximas, como Antônio Carlos Vilar, colega de turma do Colégio Estadual e, depois, eterno amigo e compadre.

Francinaldo, primo por parte mãe, e boa pinta que marcou a geração dos anos de 1970, bailes do Tênis Clube e Semanas Universitárias, estava no elenco. Lembro que Dona Ica fazia o papel de quem narrava o desfecho.

Até onde a vista da minha memória alcança, ela fez a ponte entre o Teatro de Estudantes da década de 1950, que teve como figura de proa o Hidelbrando de Assis, trazendo para a cidade a sua experiência no Curso de Teatro da UFRJ e passagem pelo Rio de Janeiro, na efervescência cultural que viveu naquela cidade entre 1950 e 1960.

Essa ponte se manteve com o surgimento do Grupo de Teatro Amadores de Cajazeiras (Grutac), com os irmãos Assis – Ubiratan, Clizélia e Clizenite, – e mais Beto Montenegro, Antônio Carlos, Hermes Felinto, Geraldo Ludugero, Tarcísio Siqueira… Esse último acabou fundando outro grupo, Movimento de Teatro Amador de Cajazeiras (Metac), onde acabei fazendo um espetáculo, depois de debutar na Paixão de Cristo.

Dona Ica teve uma postura de vanguarda, fazendo teatro, rádio, participando ao seu modo da vida política e social da cidade, quando para mulher estava reservado outro papel, mais discreto, submisso mesmo aos ditames do “chefe” da família.

Péric1es Brocos Pires Ferreira, o “Pepé”, filho de Ica, veio estudar justamente no Colégio Estadual, a partir do terceiro ano ginasial. A partir daí, formamos uma turma que se manteve ligada por muito tempo, mesmo os que não estudavam no Estadual. Esse núcleo de estudantes, além de participação no teatro amador, produziu um jornal (mimeografado) como forma de inserção na vida política e social da cidade.

Mas, tem um episódio, bobo mesmo, que lembrei agora. Estávamos na casa de Pepé, jogando conversa fora, quando ele nos levou até um cômodo da casa, no primeiro andar, para mostrar um aparelho elétrico, usado como espécie de delineador. Inventei de usá-lo, coloquei a faixa de pano na cintura e apertei o botão. A fricção da faixa em volta da cintura provocou cócegas suportáveis, mas, pra tirar onda, ensaiei um “miado”, num tom acima do normal, o suficiente pra acordar Dona Ica, ainda no meio da sesta. Ela veio em cima de Pepé, perguntando que frescura era aquela. Pepé entregou na hora, “foi Buda”.

Bom, desceu todo mundo com o rabo entre as pernas e fomos pra outra freguesia, não sei se na casa de Juninho, de Sabino Filho ou na “praça dos asilados”, a Praça João Pessoa.




fonte: Correio das Artes, nº 7, ano LXIV, Set./2013

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tradição, Cultura e Folclore nas Brincadeiras dos Caretas em Cajazeiras.



A tradicional festa que os Caretas promovem, reúne cultura, folclore e brincadeira popular. Há séculos, essa forma espontânea de animar a Semana Santa no Nordeste, permanece acesa em quase todas as cidades do interior. Em Cajazeiras, ela ainda se mantém muito viva mesmo com as mudanças de hábitos e costumes de sua sociedade patrocinada pela própria evolução do tempo, que trouxe consigo a internet, o vídeo game, celulares de última geração e muitas outras coisinhas, fruto da contemporaneidade e do crescimento tecnológico. 

Assim sendo, ainda é comum se ver pessoas fantasiadas em diversos bairros e cantos da cidade, saindo pelas ruas e sítios do município, pedindo o desjejum. As crianças, os adolescentes, adultos, homens e mulheres fazem sua festa. Os travestidos anônimos mais tradicionais andam a pé, em carroças ou a cavalos. Já os mais modernos, andam até mesmo de bicicletas ou de moto. 

Com indumentárias tipicamente artesanais, improvisadas, feitas de materiais diversificados; os homens disfarçados a caráter usam máscaras, chicotes, chocalhos e pinturas para dificultar o reconhecimento num firme propósito de melhorar a execução dos trabalhos de arrecadação, ou seja, de buscar mesmo que cheguem à exaustão do sacrifício, esmolas para enriquecer a confraternização do Judas. Uma brincadeira que nos remete as histórias sagradas citadas na bíblia. 

Nos três dias de "pedição" e aceitação de todo tipo de esmolas, os Caretas recebem de tudo, desde milho verde, galinha, rapadura, frutas, legumes, dinheiro, corte de tecidos, roupas, sapatos e demais presentes típicos do nosso povo nordestino. Porém o mais importante mesmo é que a tradição nunca deixe de existir, pois é uma marca popular de brincar de nossa cultura. Da cultura de Cajazeiras, da região, do Sertão e do Nordeste. 




Preparação de "Os caretas" durante a semana da páscoa. Brincadeira 
é válida mesmo que as indumentárias tenha sofrido modificações, com a introdução
 de máscaras industrializadas.   









domingo, 6 de abril de 2014

Sucesso do Artesanato de Cajazeiras


Renda renascença de Cajazeiras foi destaque 

no São Paulo Fashion Week


O trabalho minucioso e habilidoso feito pelas mãos das artesãs de renda renascença dos municípios de Monteiro e Cajazeiras foi destaque na 37ª (última) edição do São Paulo Fashion Week (SPFW). O desfile foi aberto na segunda-feira, dia 31 do mês de março passado, no recém-inaugurado Parque Cândido Portinari, na capital paulista.
O desfile da Animale abriu a temporada Verão 2014-2015 trazendo às passarelas a renda renascença – um dos ícones da cultura paraibana – com suas infinitas possibilidades de aplicações e customizações. Com o tema “Um olhar para dentro do Brasil”, a estyling Yasmine Sterea e Priscilla Darolt foram em busca de novas referências e ideias para trabalhar a renda no couro trazendo um traço mais gótico para não ficar tão romântico.
Além da renda e do couro, os materiais usados na coleção foram a seda, o tricô e látex nas cores de terra, céu, açaí, tangerina, menta, cimento, café, branco e preto. O trabalho foi realizado no período de três meses, por cerca de 300 artesãs de uma cooperativa no Polo de Confecções em Cajazeiras. As peças ainda reproduzem estampas inspiradas em xilogravuras do cordel e das formas da artista Maria Bonomi. Desenhos também estão presentes nas roupas.
Para a primeira-dama do Estado e coordenadora do Programa de Artesanato da Paraíba, Pâmela Bório, o trabalho das artesãs passou a ser reconhecido em nível nacional e internacional. “O polo que está sendo montando em Cajazeiras já está funcionando e entregando produção. Podemos verificar o resultado no desfile da Animale, onde dos 27 looks desfilados pelas modelos, 20 foram nossos. Isso é espetacular”, comemorou Pâmela.
A facilitadora de estilo da grife, Maria Linier Pinheiro, que está em Cajazeiras, disse que o sucesso do desfile é o reconhecimento do trabalho e esforço desenvolvido pela cooperativa, que só tende a crescer. “Aqui estamos fazendo o desenvolvimento de renascença em couro e seda. Não se costuma fazer produção do desfile para lojas, mas foi tão encantador que a dona da Animale, Cláudia Jatahi, mandou fazer produção para todas as lojas. Isso significa muito mais trabalho para nossas rendeiras. Além desse trabalho, temos outros em andamento como a produção de mil biquínis em linha de produção para a grife Farm”, comemorou Linier.
Durante o desfile, a marca que inovou trazendo a renda renascença também foi destaque entre os especialistas da área, como a designer de joias e ex-editora da Vogue, Elisa Stecca. “A indústria da moda vive um momento delicado, mas se você vê o histórico da marca como a Animale, ela trouxe a preocupação de mostrar looks compráveis, vestíveis e que não dependem de uma mulher específica, mas muito mais próxima de uma mulher real”, elogiou.
A mudança sutil utilizada pela marca agradou aos amantes do mundo da moda e o casting da campanha que trouxe modelos brasileiras e não estrangeiras, como Aline Weber, nº 1 no ranking do FFW Models, Daiane Conterato e Bruna Tenório. Elas desfilaram com um show de luzes, por meio da utilização de 60 lâmpadas de led, que acendiam, apagavam e se movimentavam ao som da trilha sonora de Max Blum, em ritmo brasileiro. 
A escultura cinética foi desenvolvida pelo coletivo catalão Emotique e a cenografia assinada por Batman Zavareze. Após o desfile da Animale seguiu João Pimenta, Tufi Duek e, para encerrar, o da Cavalera. O SPFW teve o seu encerramento na sexta-feira passada, dia 04/04.

fonte:coisasdecajazeiras.com.br

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A ARTE EM CAJAZEIRAS

TELMA CARTAXO: A sua relação com as artes plásticas em Cajazeiras.

p o r :   C l e u d i m a r  F e r r e i r a


Telma Rolim Cartaxo no ambiente do Rotary Clube de Cajazeiras


Na história recente das artes plásticas em Cajazeiras, nenhum outro nome apareceu com destaque quanto o de Telma Rolim Cartaxo. Pode atá haver outros nomes bem mais atuantes e, com desenvolturas melhor na produção da arte local. Porém, Telma foi e ainda é com honras, o que podemos chamar de realce maior das artes visuais do sertão paraibano. Não só pela sua abnegada determinação em criar condições para a produção das artes visuais na transitória década de 80, mais também por seu empenho em outros momentos, em buscar meios que favorecesse o desenvolvimento dessa linguagem, ou que consolidasse as descobertas de novos talentos e a posterior divulgação desses novos artistas no acanhado mercado das artes da Paraíba.

Para que seus propósitos fossem referendados pela classe cultural cajazeirense, Telma fez em 1978, o que nem todo ser consciente fazia: trocar o promissor e rendável centro de arte paulistano, por uma, até então aventura arriscada de voltar a sua terra natal para emplacar uma política cultural no campo das artes visuais, num terreno adverso, carente dessa linguagem, porém ainda tímido e pouco produtivo no que concerne a criação artística visual, habituado com o persistente trabalho de Ubiratan Assis e Íracles Pires com as artes cênicas e com outras habilidades artísticas consolidadas na cidade, como foi o caso do movimento musical gerado a partir dos festivais da canção, que revelou talentos como Bá Freire, Otacílio Trajano, Camilo e Riba, e mais tarde com o cinema, tendo a frente o cineclube Vladimir Carvalho e sua política de valorização do cinema de arte, pouco exibidos nos três cinemas que havia na cidade.

Telma Rolim entre João Braz e Larrúbia Caldas. Depois, Cleudimar Ferreira 
Salvino Lira. Pesquisa da arte em lameira de caminhão. 
Foto/acervo: Cleudimar Ferreira


Foi nesse seara que Telma Cartaxo desembarcou. E desembarcou bem. Como ela própria afirmou em entrevista para o jornal a União, em 18 de junho de 1978: “meus planos para o futuro são feitos de sonhos”. Um desses sonhos da artista paraibana, seria a realização do I Salão Oficial de Arte Contemporânea de Cajazeiras. Um projeto ambicioso e arrojado que envolveria um número grande de artistas anônimos, desconhecidos no restrito movimento das artes na Paraíba e que acenderia a luz que faltava para o reconhecimento da produção do interior, em todo Estado.    

A sua ida a São Paulo, se deu por volta de 1972 a 73. Na capital paulista, a artista natural de Cajazeiras, lutou com todas as forças para se firmar no cenário das artes visuais nacional. Segundo Telma, a sua maior dificuldade foi não ter um currículo oficial. Fora o seu talento, o que resguardou sua estadia no meio artístico em São Paulo, foi uma apresentação dos seus trabalhos feita pelo Artista Plástico Raul Córdula e uma carta de apresentação, que o também artista contemporâneo Chico Pereira fez para o presidencia da Associação Internacional de Artes Plásticas (AIAP), na época, ocupada por Lucilia de Toledo Mezzotero.

Com seu carisma de nordestina e com a delicada temática que explorava em sua pintura, retratando a leveza enigmática de peixinhos inofensivos e coloridos, com suas algas e aquários anilados, Telma Cartaxo ao lado da pintora Vilma Ramos, foi conquistando aos poucos os espaços e o público na Praça da República, se firmando cada vez mais no mercado paulistano e conseqüentemente, conhecendo pessoas importantes do cenário artístico nacional, como foi o caso da cantora Elis Regina.

Entretanto, tudo isso foi em vão quando a saudade de sua terra se juntou com a necessidade de criar uma política de valorização para produção das artes visuais na cidade de Padre Rolim. E foi justamente por essa visão que Talma Cartaxo trocou o sul pelo Nordeste. Já desembarcou na cidade como curadora do I Salão Oficial de Arte Contemporânea, um evento que marcaria a definitiva arrancada das artes plásticas no sertão paraibano.


I Fest Cajá. Telma Rolim, Lúcio Vilar e Rivelino. Entrevista para a rádio Cajazeiras


Com a consolidação do Salão Oficial de artes, veio logo depois a implantação do Núcleo de Arte Contemporânea (NEC), órgão vinculado ao instinto Campus V da UFPB. O antigo NEC/UFPB passou a desenvolve um trabalho focado no incentivo ao desenvolvimento da produção artística que incluiu as linguagens cênicas, musical, as artes visuais e também o artesanato. Na parte das artes visuais, sobre a responsabilidade de Telma; o trabalho intenso do atelier instalado no prédio da antiga FAFIC se concentrou durante os anos 80, na busca de novos talentos, através de intensivas aulas e dicas, que a artista dava aos que no atelier chegavam. 

O trabalho de Telma afrente do antigo atelier do NEC, rendeu frutos e novos artistas plásticos foram surgindo, a exemplo de Marcos Pê, João Braz, Ionas e muitos outros. Com eles vieram as exposições anuais na Biblioteca Pública Municipal Castro Pinto; o primeiro Intercâmbio de artes entre as cidades de Cajazeiras e Campina Grande e a participação de Cajazeiras na I Gincana Cultural Descubra a Paraíba, com os artista da cidade indo a final numa competição em João Pessoa.

I Fest Cajá.Telma Rolim entre Lúcio Vilar e João Balula. 
No Palco do Teatro Ica Pires

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