quinta-feira, 3 de abril de 2014

A ARTE EM CAJAZEIRAS

TELMA CARTAXO: A sua relação com as artes plásticas em Cajazeiras.

p o r :   C l e u d i m a r  F e r r e i r a


Telma Rolim Cartaxo no ambiente do Rotary Clube de Cajazeiras


Na história recente das artes plásticas em Cajazeiras, nenhum outro nome apareceu com destaque quanto o de Telma Rolim Cartaxo. Pode atá haver outros nomes bem mais atuantes e, com desenvolturas melhor na produção da arte local. Porém, Telma foi e ainda é com honras, o que podemos chamar de realce maior das artes visuais do sertão paraibano. Não só pela sua abnegada determinação em criar condições para a produção das artes visuais na transitória década de 80, mais também por seu empenho em outros momentos, em buscar meios que favorecesse o desenvolvimento dessa linguagem, ou que consolidasse as descobertas de novos talentos e a posterior divulgação desses novos artistas no acanhado mercado das artes da Paraíba.

Para que seus propósitos fossem referendados pela classe cultural cajazeirense, Telma fez em 1978, o que nem todo ser consciente fazia: trocar o promissor e rendável centro de arte paulistano, por uma, até então aventura arriscada de voltar a sua terra natal para emplacar uma política cultural no campo das artes visuais, num terreno adverso, carente dessa linguagem, porém ainda tímido e pouco produtivo no que concerne a criação artística visual, habituado com o persistente trabalho de Ubiratan Assis e Íracles Pires com as artes cênicas e com outras habilidades artísticas consolidadas na cidade, como foi o caso do movimento musical gerado a partir dos festivais da canção, que revelou talentos como Bá Freire, Otacílio Trajano, Camilo e Riba, e mais tarde com o cinema, tendo a frente o cineclube Vladimir Carvalho e sua política de valorização do cinema de arte, pouco exibidos nos três cinemas que havia na cidade.

Telma Rolim entre João Braz e Larrúbia Caldas. Depois, Cleudimar Ferreira 
Salvino Lira. Pesquisa da arte em lameira de caminhão. 
Foto/acervo: Cleudimar Ferreira


Foi nesse seara que Telma Cartaxo desembarcou. E desembarcou bem. Como ela própria afirmou em entrevista para o jornal a União, em 18 de junho de 1978: “meus planos para o futuro são feitos de sonhos”. Um desses sonhos da artista paraibana, seria a realização do I Salão Oficial de Arte Contemporânea de Cajazeiras. Um projeto ambicioso e arrojado que envolveria um número grande de artistas anônimos, desconhecidos no restrito movimento das artes na Paraíba e que acenderia a luz que faltava para o reconhecimento da produção do interior, em todo Estado.    

A sua ida a São Paulo, se deu por volta de 1972 a 73. Na capital paulista, a artista natural de Cajazeiras, lutou com todas as forças para se firmar no cenário das artes visuais nacional. Segundo Telma, a sua maior dificuldade foi não ter um currículo oficial. Fora o seu talento, o que resguardou sua estadia no meio artístico em São Paulo, foi uma apresentação dos seus trabalhos feita pelo Artista Plástico Raul Córdula e uma carta de apresentação, que o também artista contemporâneo Chico Pereira fez para o presidencia da Associação Internacional de Artes Plásticas (AIAP), na época, ocupada por Lucilia de Toledo Mezzotero.

Com seu carisma de nordestina e com a delicada temática que explorava em sua pintura, retratando a leveza enigmática de peixinhos inofensivos e coloridos, com suas algas e aquários anilados, Telma Cartaxo ao lado da pintora Vilma Ramos, foi conquistando aos poucos os espaços e o público na Praça da República, se firmando cada vez mais no mercado paulistano e conseqüentemente, conhecendo pessoas importantes do cenário artístico nacional, como foi o caso da cantora Elis Regina.

Entretanto, tudo isso foi em vão quando a saudade de sua terra se juntou com a necessidade de criar uma política de valorização para produção das artes visuais na cidade de Padre Rolim. E foi justamente por essa visão que Talma Cartaxo trocou o sul pelo Nordeste. Já desembarcou na cidade como curadora do I Salão Oficial de Arte Contemporânea, um evento que marcaria a definitiva arrancada das artes plásticas no sertão paraibano.


I Fest Cajá. Telma Rolim, Lúcio Vilar e Rivelino. Entrevista para a rádio Cajazeiras


Com a consolidação do Salão Oficial de artes, veio logo depois a implantação do Núcleo de Arte Contemporânea (NEC), órgão vinculado ao instinto Campus V da UFPB. O antigo NEC/UFPB passou a desenvolve um trabalho focado no incentivo ao desenvolvimento da produção artística que incluiu as linguagens cênicas, musical, as artes visuais e também o artesanato. Na parte das artes visuais, sobre a responsabilidade de Telma; o trabalho intenso do atelier instalado no prédio da antiga FAFIC se concentrou durante os anos 80, na busca de novos talentos, através de intensivas aulas e dicas, que a artista dava aos que no atelier chegavam. 

O trabalho de Telma afrente do antigo atelier do NEC, rendeu frutos e novos artistas plásticos foram surgindo, a exemplo de Marcos Pê, João Braz, Ionas e muitos outros. Com eles vieram as exposições anuais na Biblioteca Pública Municipal Castro Pinto; o primeiro Intercâmbio de artes entre as cidades de Cajazeiras e Campina Grande e a participação de Cajazeiras na I Gincana Cultural Descubra a Paraíba, com os artista da cidade indo a final numa competição em João Pessoa.

I Fest Cajá.Telma Rolim entre Lúcio Vilar e João Balula. 
No Palco do Teatro Ica Pires

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2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Francisco Cleudimar F. de Lira disse...

O comentário foi excluído por razões éticas. No mesmo, havia palavrões que atingia a moral da artista cajazeirense.