terça-feira, 17 de junho de 2014

As pirogravuras de Marcílio Ferreira

por: Cleudimar Ferreira


A cidade de Cajazeiras sempre gerou bons artesãos. Nos anos 80 o destaque principal neste segmento, foi o trabalho de Dona Alaíde Freitas, que através do seu empenho e dedicação como tratava este ofício e habilidade como manuseava os materiais para produzir suas peças, se tornou a nossa principal representante nas feiras de artesanatos do Estado. Um legado conquistado que contribuiu muito para a sua indicação como coordenadora desta pasta, no extinto Núcleo de Extensão Cultural (NEC) do antigo campus da UFPB. 

Nos dias de hoje o município ver crescer um grande número de pessoas espalhados pelos bairros e comunidades periféricas a trabalhar o artesanato. Um desses artesãos é Marcílio Ferreira. Marcílio aprendeu a gostar do desenho. E com o desenho, desenvolveu a técnica da arte da pirogravura. A pirogravura é uma expressão antiga da arte que consiste em desenhar usando um pirógrafo - objeto popular pontiagudo incandescente de chama fina, que facilita a prática do desenho em couros, madeiras e outros estruturas similares.  

De perfil humilde e simples, Marcílio foi fazendo suas pirogravuras e com elas, foi conquistando seu espaço e reconhecimento, crescendo e expondo o seu talento como artista e artesão. E assim foi divulgando a sua arte por vários Estados e feiras desse tipo de expressão do artesanato, mostrando a todos que a cultura de Cajazeiras não vive somente da música, das artes cênicas e de outras habilidades artísticas, mas também do seu artesanato popular, através de mãos inteligentes e criativas, como as de Marcílio Ferreira.


Imagens da produção do artesão e do seu ambiente de trabalho





Chico Xavier lança disco com rimas, canções e poesias.


do blog de C r i s t i a n o  M o u r a.
coisasdecajazeiras.com.br


Com rimas, canções e poesias o poeta popular Chico Xavier está colocando em praça o seu mais novo álbum intitulado “CD da transformação” volume 9. O trabalho está sendo apresentado nas apresentações do violeiro no Sertão da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Bastante conhecido na região com mais de 20 anos de carreira, Xavier leva a cultura popular nos festivais de violeiros que ele mesmo promove ou participa em muitas cidades do interior nordestino, sobretudo no Sertão da Paraíba.

Residindo em Cajazeiras, o violeiro nasceu no município de São José de Piranhas, berço de muitos poetas e que lhe serve de inspiração. Foi lá que nasceu um dos maiores cantadores do Nordeste, o poeta Manoel Galdino Bandeira e Pedro Bandeira, que recebeu recentemente a homenagem que o agraciou como “Príncipe dos Poetas” ao tomar posse na cadeira 35 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).

Mantendo as mesmas tradições, Chico Xavier faz apresentações em festas populares até eventos atuais como festas cívicas, aniversário de cidades e padroeiros.




Imagens do Curta Cajazeirense "Ciclo de Sangue"




Informações sobre o Curta

O curta “Ciclo de Sangue” foi dirigido por Eudismar Guedes e produzido por Jocerlano Lúcio. Contou com a participação dos atores Priscila Tavares e Jonathas Barbosa. Recentemente, o curta foi incluído da programação do Festival de Audiovisual do Vele dos Dinossauros – Festissauro, que ocorreu na cidade de Sousa.

Sobre a participação do filme no festival, o produtor falou da satisfação que sentiu ao ter o seu filme como uns dos concorrentes no Festissauro. “Dentre tantos outros para concorrer, ficamos gratos pela escolha”.

Locado em Cajazeiras, o curta conta a história de um jovem sedutor que em meio a sua vida social, desfruta de seus encantos até deparar-se com uma jovem atraente que o deixa fascinado. Sem prevenção contra DST, os dois se envolvem em relações durante uma festa. Logo depois o jovem nunca mais será o mesmo, após de receber de sua amada um laço vermelho de um bilhete que o convida para um novo mundo sem volta.





segunda-feira, 16 de junho de 2014

Um tal de Zé do Norte




Livro Biográfico sobre a vida 
obra de Zé do Norte


    A imagem acima é do Xilógrafo J. Borges. Porem, se agente olhar e imaginar um pouco mais, vai perceber que a mesma tem tudo a ver com Cajazeiras. Tem o Cristo Rei, o mandacaru da região, a casinha de sítio e a figura de um nordestino no seu contexto. Pois bem a ilustração e da capa do livro “Um Tal de Zé do Norte” livro biográfico de Zé do Norte, assinado por Kleber Martins, escritor e médico radicado em Recife, Pernambuco. O livro é um relato baseado em pesquisas e estudos de campo, sobre a vida e obra do nosso principal representante no cenário musical brasileiro.

   No livro, o leitor ficará situado com a história de vida do compositor, desde a seu nascimento, passando pelos momentos de busca e afirmação na música brasileira do seu tempo e sua luta em busca da sobrevivência no nordeste e sudeste do país.

    O trabalho do escritor pernambucano Kleber Martins, se resume em 130 páginas objetivas, com textos que relatam situações engraçadas e gozadas sobre o nosso Zé do Norte.  Foi editado pela “Bagaço” e é uma oportunidade para o eleitor comum - aquele interessado pela cultura nordestina; que gosta da chamada “Kult”; que buscam aprender mais, como um certo homem simples que conseguiu legar para gerações futuras um trabalho que continuará a ser transmitido por muitas décadas, mesmo que não seja citado o nome de Zé do Norte. 




domingo, 15 de junho de 2014

Duas entrevistas com nossas duas principais atrizes de sucesso.

                 A primeira é de Soia Lira a Diana Reis, em 14/06/2014 no Programa Rodando a Baiana. A segunda é de Marcélia Cartaxo para o Programa Sala de Cinema da TVSesc, em 17/08/2012.








quinta-feira, 12 de junho de 2014




Centenário de Dom Zacarias

P r o f .  J o s é  A n t o n i o



O cantor e compositor Luiz Gonzaga costumava dizer que uma das cidades que mais economizava aplausos, era Cajazeiras. E em suas passagens por Cajazeiras, com destino ao Crato, sempre visitava o estabelecimento comercial de meu pai, onde era recebido com festa e ao se despedir levava consigo alguns litros de conhaque Macieira, cortesia da casa. Do velho Lua, mais de uma vez ouvi-o falar sobre a frieza de Cajazeiras e a contenção de seus aplausos.

Esta mesma opinião tinha Dom Zacarias com relação a sua querida e amada cidade, que segundo ele só não fez nascer, mas se considerava dela filho, pois sempre se recusou a receber o titulo de cidadão cajazeirense e nunca foi a Assembleia Legislativa receber a cidadania paraibana, aprovada pela unanimidade de seus deputados, porque também nunca se considerou cearense.

Dom Zacarias, que era Rolim da gema, falava da sua própria família ao dizer que Rolim “não gosta de aplaudir, mas de ser aplaudido”. E as opiniões de Luiz Gonzaga e Dom Zacarias são mais do que verdadeiras, senão vejamos: o nosso “profeta” Zacarias, como o chamava seu irmão em Cristo, Dom Helder Câmara, neste dia 13 de junho, se vivo fosse, estaria completando 100 anos do seu nascimento e quais os aplausos e as homenagens que sua terra está lhe tributando?

O legado de Dom Zacarias é imensurável e transcendental e para justificar basta citar dois grandes feitos de seu laborioso episcopado: a implantação do ensino superior em nossa cidade, através da criação da Faculdade de Filosofia e a Rádio Alto Piranhas, dois importantes veículos de difusão de conhecimentos, cultura, educação e diversão e que têm elevado o nome de nossa cidade além de suas fronteiras.

Foi um cidadão extremamente preocupado com a formação de novos padres e foi também pensando nisto que trouxe no bojo da escola de ensino superior o Curso de Filosofia, com a finalidade precípua de formar os seminaristas de sua diocese e numa época em que se fecharam quase todos os Seminários Menores do Nordeste, Dom Zacarias, conseguiu manter a duras penas, o Seminário Nossa Senhora da Assunção, com suas portas abertas e com um razoável número de alunos.

Preocupava-se muito com a formação de seus padres e quase todos eles passaram pelos bancos escolares de grandes centros educacionais de Roma, onde iam estudar Teologia e Filosofia.

Quando buscou uma concessão de rádio para Cajazeiras, o fez através de Dom Hélder Câmara, que era amigo do presidente JK e para isto bastou apenas um bilhete do Arcebispo de Olinda e em poucos dias Cajazeiras ganhava a sua primeira concessão, mas com as dificuldades financeiras da Diocese, somente cinco anos depois foi para o AR e a missão principal da emissora era para evangelizar e educar e a emissora transmitiu durante anos cursos dirigidos principalmente para a zona rural.

Pesa sobre os seus ombros uma acusação de ter sido o causador da saída dos Padres Salesianos de Cajazeiras, em 1959, mas a verdade dos fatos é a de que ninguém mais do que ele lutou para que eles não deixassem a direção do velho e tradicional Colégio Padre Rolim, incluindo aí uma viagem à Itália para falar com o Prior dos Salesianos na tentativa de que permanecessem em Cajazeiras. Mas a verdade é que o Colégio estava com a matrícula muita baixa e não tinha como se manter em nossa cidade: era o advento do ensino público e gratuito, que até então era dominado em Cajazeiras, pelo ensino pago.

Dom Zacarias foi o responsável direto da vinda da Universidade Federal da Paraíba para Cajazeiras, quando, juntamente com o Padre Luis Gualberto de Andrade, transferiram todo o acervo da FAFIC para o recém-criado Campus V, tendo a frente o grande e inigualável reitor Linaldo Cavalcante de Albuquerque. Este foi um dos bens maiores do episcopado de Zacarias para os sertões do Nordeste, que carecia de ensino público e gratuito. Esta talvez seja o maior de todos os legados do nosso “Profeta”.

A Dom Zacarias, o grande Latinista e mestre exímio da língua portuguesa, na passagem do Centenário de seu nascimento, a nossa singela lembrança e o nosso imorredouro reconhecimento por tudo que fez por nossa terra querida e quem sabe um dia não seja alvo de nossos aplausos e de nossas homenagens ou mesmo uma estátua em praça pública?

Para o cidadão, que gostava de um charuto cubano, nossas saudades e nossas orações.


*artigo publicado na sua coluno no 
 jornal Gazeta do Alto Piranhas



segunda-feira, 2 de junho de 2014

Prefeitura faz reforma no Centro Cultural Zé do Norte



                         Mais uma opção para as artes e para cultura de Cajazeiras. O Centro Cultural Zé do Norte – um espaço que fica por trás da Biblioteca Pública Castro Pinto, onde por sugestão da classe teatral cajazeirense, seria construído o Teatro Ica Pires, está passando por reformas. Além de toda pintura, troca do piso e outras adaptações, a prefeitura municipal, responsável pela obra, está construindo uma caixa cênica, já batizada de Geraldo Ludgero (em homenagem ao teatrólogo do GRUTAC, morto na década de 70).  O novo praticável cajazeirense, servira, e muito, como mais um palco (além o do Teatro Ica), para apresentações teatrais, exibições de filmes e local de ensaios para os grupos de teatro da cidade. Veja as imagens da reforma nas fotos de PJ Barreto

                                    C l i c k   n a s   f o t o s   p a r a   a m p l i á-l a s. 






O lirismo gregário de Naldinho Braga
artigo escrito por  A d e i l d o   V i e i r a
A primeira vez que ouvi suas canções não tive outra palavra para classificar sua obra. É singela! Foi o que senti, reivindicando a singeleza como um fundamento da poesia calcada nas imagens infantis, quase ingênuas, e por isso mesmo carregada de uma pureza que nos eleva à grandeza do ser humano quando se curva ante a beleza de uma flor. Mas que compositor era aquele que me chamava pra entoar cantigas de roda que giravam ao som da distorção de guitarras? De onde vinham aquelas melodias de ninar todas as idades que ornamentavam poemas de rua encantada?
Conheci Naldinho Braga quando integrante do grupo “Tocaia da Paraíba”, onde exercitava, ao lado do compositor, arranjador e cantor Erivan Araújo, uma instigante alquimia inventiva que resultava numa profusão de sonoridades capaz de nos levar à dança em cometimentos de jazz sertanejo ou mesmo tanger bois imaginários ao som de neoaboios. Tempos depois fui presenteado pelo compositor com um cd do grupo “Apocalipse”, do qual era contrabaixista e que o denunciava como devoto do rock. Ainda mais tarde, o descobri como pesquisador da cultura popular, trazendo a luz para bandas cabaçais que insistem em manter-se vivas no sertão da Paraíba.
Essa trajetória plural de expressões aparentemente não miscíveis criou um compositor singular, pois as influências colhidas das raízes e antenas da cidade de Cajazeiras, onde mora no alto sertão paraibano, moldaram um criador que não nega os códigos da modernidade ao mesmo tempo em que deixa claro que as bases de sua obra estão mesmo nas cantigas de roda de sua infância e nos emocionantes traçados melódicos dos folguedos populares, sagrados e profanos, de todos os quadrantes da Paraíba. O resultado disso é uma ode que, no viés de ornamentos do rock, exalta a nossa cena regional, indo bem fundo numa lírica que se aprofunda em conteúdos gregários, insistindo na valorização de personagens preciosos da nossa cultura popular e reivindicando um mundo igualitário onde “nobres e plebeus frequentem a mesma cozinha e comam da mesma farinha”. Entre reisados e maracatus, áfricas e sertões, a elevação das melodias do popular sagrado e a agressividade das guitarras distorcidas, a luz de Vó Mera e a fé de Zé Rezador, o que se mantém intacto em sua obra é a presença dos códigos nordestinos que nos encaminham pra dança e pras emoções que fazem nossas festas do litoral ao sertão.
Carro de Lata é o nome da banda que criou para carregar suas criações. Composta por jovens músicos, esta agremiação de talentosos garotos dão a cor para as composições do compositor que humildemente empunha o contrabaixo nas apresentações em que quase não aparece. Pois bem, quem se deleita ao som do “Carro de Lata” talvez sequer perceba que por trás daquele humilde contrabaixista se manifestam sucessivos cortejos populares que, em procissão, anunciam uma vida possível sob os parâmetros da igualdade e respeito à diversidade. Naldinho não canta sua obra e nem reivindica os holofotes para o seu umbigo. Com certeza ele sabe que ver a luz distribuída nos momentos de fruição da sua música vem a ser um manifesto de alegria espalhada nos palcos, carregada pelo carro de lata que conduz nossos sonhos de infância e que exalta uma música inoxidável, imperecível ante os corações que se permitam à visitação da pureza da alma de uma vida popular.
Em seus enunciados líricos, Naldinho compôs a canção que eu queria ter feito pra filha que eu não tive. Nela o compositor põe um rei aos pés do desejo de festa de uma menina. A canção diz: “A menina foi pedir pro rei mandar me avisar / era dia de festa, tocador não podia faltar…”. E pra tocar minhas emoções mais profundas, continua: “era eu quem ela mais queria / senhor rei mandou me chamar…”. A canção termina com a menina sorrindo no meio da praça e com lágrimas nos olhos deste colunista. É que o mundo que eu desejo se resolve nos ingênuos desejos de festa de uma criança, onde eu possa ter o privilégio de empunhar meu instrumento.