quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O Primeiro Médico de Cajazeiras


* José Antônio de Albuquerque
   para:  Gazeta do Alto Piranhas, ed. 280, 23 a 29/04/2014

José de Sousa Maciel - 1º Médico de Cajazeiras.

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Numa revista, edição especial, comemorativa do bicentenário de nascimento de Padre Rolim, publicada no dia 22 de agosto de 1999, existe uma informação de que teria sido no dia 22 de abril de 1903, que o Diretor da Faculdade de Medicina da Bahia conferia o grau de doutor a José de Sousa Maciel, aprovado com distinção ao defender a sua tese “Orquite1 de Esforço?”. Com este diploma, José de Sousa Maciel se tornou o primeiro Cajazeirense a ser titulado em medicina. 

Num livro publicado por Higino Brito, em 1978, que foi seu trabalho apresentando à Docência da disciplina de História da Medicina, do Departamento de Medicina Interna do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, ele fornece outra data da colação de grau em medicina a José de Sousa Maciel: 12 de agosto de 1903, confirmada no livro “História da Medicina em Cajazeiras” de Luiz de Gonzaga Braga Barreto, publicado em 1995, pela Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. 

José de Sousa Maciel nasceu na Fazenda Catolé, município de Cajazeiras no dia 27 de agosto de 1876. Filho de João de Sousa Maciel (que é nome de Rua em Cajazeiras) e Maria Benvinda de Lima Maciel. Seus pais queriam que ele fosse padre. Foi estudar no Seminário São José, no Crato. De férias seu pai o mandou vender uma quantidade de algodão em Campina Grande. Nesta viagem ele vendeu o algodão, os burros e os cavalos, juntou o dinheiro e fugiu para a Bahia. Tinha um desejo a cumprir: ser médico. O velho pai só lhe perdoou a rebeldia muitos anos depois. 

A primeira batalha vencida. Formado médico, não voltou para Cajazeiras. Foi trabalhar em Itabaiana. Em pouco tempo firmou-se no conceito público como profissional da medicina. Migrou para João Pessoa onde como obstetra alcançou muita reputação. 

Como homem público, elegeu-se vereador em 1928, pelo Partido Democrático. Em 1935, pelo Partido Progressista, que ajudou a fundar, foi eleito deputado estadual. Foi deputado estadual por duas vezes, Presidente da Assembléia Legislativa e Governador do Estado (11 de abril de 1936), durante afastamento do seu titular. 

José de Sousa Maciel é ainda reconhecido como homem de letras, jornalista e orador. Higino Brito em seu livro destaca o orador José Maciel: “teve, impossível esconder, sob este aspecto, méritos definidos e incontestáveis. Não se marcava pelas características do seu tempo, ou seja, arroubos de eloquência, gesticulação desordenada, voz retumbante. Definiu-o a lógica da argumentação, a segurança da frase, a tranqüilidade do raciocínio, a dicção perfeita”. 

José de Sousa Maciel faleceu em João Pessoa em sete de abril de 1959, com 82 anos de idade. O único reconhecimento de Cajazeiras ao seu ilustre filho, que além de médico, foi vereador, deputado estadual, governador do Estado, jornalista, grande orador e escritor é o nome dado ao Hospital Regional de Cajazeiras. 

Este resgate só aconteceu em 1985, quando da reforma do Hospital Regional de Cajazeiras, no Governo de Wilson Leite Braga e o diretor era o médico José de Sousa Bandeira.




1 Orquite: 
Trata-se da inflamação do testículo (congestão testicular) e pode ser motivada pelos mais diversos fatores tais como vírus, parasitas, traumas, espiroquetas.

2 comentários:

Unknown disse...

Vejo na pessoa Luiz de Gonzaga Braga Barreto, um médico escritor que valorizou a história da Medicina em Cajazeiras, num estudo demorado e minucioso para que as informações trazidas fossem verdadeiras. Destacado como médico escritor, ex-presidente por dois biênios da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de médicos Escritores). Em Pernambuco tomou posse na academia de Escritores na Oitava Cadeira de imortais. Na sua terra foi lamentável a sua não inclusão na ACAL.

Francisco Cleudimar F. de Lira disse...

As indicações das cadeiras e também dos imortais que a ocuparam, me parace, poso está enganado, foi feita com algumas falhas, que indicam uma inclinação por critérios tradicionais aristocráticos e/ou politico. Já que nomes importante das letras e das artes da cidade não foram inclusos e nomes com baixa expressão intelectual/artístico/literário foram equivocadamente inclusos.