quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Secretário de Cajazeiras nega fechamento de Secult e acusa artista de inadimplente: “Tentando nos derrubar”

Aguinaldo alegou que a Secult não estava fechada, 

somente sua sala não estava aberta.



O secretário de Cultura da Prefeitura de Cajazeiras, Aguinaldo Cardoso respondeu nesta quarta-feira (25) uma denúncia com relação ao fechamento da pasta que comanda na atual gestão. Aguinaldo disse que, não ficou surpreso com a acusação e afirmou que isso é típico do temperamento de Joel Santana, autor da denúncia.
Aguinaldo alegou que a Secult não estava fechada, somente sua sala não estava aberta. “Eu já sabia que ele havia ido até a Secretaria para entregar um projeto, e se revoltado por ver minha sala fechada. Porém, tinha uma pessoa de confiança a quem ele podia ter entregado o tal projeto. Não sei qual o problema daquele rapaz”, disse. 
O secretário disse ainda que o artista Joel Santana está inadimplente com o Fuminc e que, por alguma razão, ele vem tentando derrubar o trabalho da Secult. "Ele é o único artista que vem batendo na Secretaria de Cultura. Todos os outros estão vendo que nosso objetivo é de unir a classe artística da cidade, independente de partido”, frisou.
fonte: Diário do Sertão.

Entenda como tudo começou, vendo o vídeo abaixo.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Anos Dourados da Varig em Cajazeiras.

por: Cleudimar Ferreira



M E M Ó R I A (Em fotos)

Nos tempos da Varig em Cajazeiras era assim: Você pegava o avião no hoje desativado Aeroporto Antonio Tomaz e rumava para o sul do país. Bastava ter dinheiro. E muito dinheiro. E olhe... naquele tempo o tempo era mais atrasado do que o de hoje. Um motivo para se refletir e fazer as seguintes perguntas a quem poder responder: "porque Juazeiro do Norte/CE, atravessou o tempo, chegou a modernidade de hoje sabendo manter a sua linha aérea regular de passageiros e Cajazeiras não? será que foi um vacilo dos nossos representantes? da nossa inoperante classe política?"   

Pois bem, estas belas imagens, representa os anos dourados da nossa Cajazeiras. Elas mostram como se ostentavam na década de 50 - precisamente 1955, uma parte da sua privilegiada sociedade. Aquela que detinha na época o poder da cidade. As imagens foram produzidas no antigo Aeroporto Antônio Tomaz, quando nesse aeroporto havia uma linha regular, operada por aviões bimotores DC 3 possantes e seguros da Varig e da empresa Viação Real. Os voos saiam do Recife/PE; fazia escala em Cajazeiras/PB e Fortaleza/CE e chagavam em São Luiz/MA. 

Chagada da Miss Cajazeiras de João Pessoa. 
Dr. Ruy Formiga, Dorinha Arruda, seu Hernane, Marta (a miss), 
seu pai, Chico Rolim e Porssidônio. 


A primeira, mostra o então prefeito da cidade, na época, Arsênio Rolim Araruna e sua esposa Idelzuíte Meireles Araruna, ladeado por familiares, momentos depois de desembarcarem no aeroporto cajazeirense, vindos de São Paulo. A segunda, mostra Seu Leitão, outra figura representativa da elite de Cajazeiras, bastante conhecida na cidade, rodeados de correligionários, quando desembarcava ou se preparava para embarcar num avião da Real em nosso aeroporto. E a ultima, terceira, destaca também Seu Leitão e Benvinda a lado de Ivon Gomes e Rosa e logo abaixo, o Sr. Alcindo Xavier.


Alunas do Colégio Nossa Senhora de Lourdes em visita
ao Aeroporto Antônio Tomaz, nos anos 50.

Embarque para lua de mel do casal Dr. Zuca Moreira, sua esposa Lourdes. 
O demais da foto: Alvino, Tereza (Tetê), Espedito Queiroga, Adalto Vieira, Nonata 
Claudino e Gonçalo Pinheiro. Foto de Mazzarelle Morira Pinto.


O  A E R O P O R T O (A História)

O Aeroporto Antônio Tomaz ou Campo de Aviação como era carinhosamente chamado pelos cajazeirenses, tinha essa denominação em homenagem ao seu primeiro aviador, o Senhor Antônio Tomaz, proprietário do primeiro avião bimotor de Cajazeiras. Ficava na região sudoeste da cidade, mais precisamente no bairro de Capoeiras, saída para cidade de São José de Piranhas. Durante um bom tempo foi o principal aeroporto de Cajazeiras. Nas três imagens abaixo, podemos ver dois momentos distintos do velho e histórico aeroporto. As duas primeiras, mostram um grupo de operários trabalhando na construção da pista de pouso e decolagem. A segunda, uma recorte de jornal que apresenta um dos balancetes com percentual de voos de embarques e desembarques no ano de 1966 e nos meses de janeiro, fevereiro e março de 1967. O já extinto aeroporto teve sua construção iniciado no início da década de 50, através de empenhos do então Ministro de Aviação e Obras Públicas, José Américo de Almeida.

Entre os operários, podemos destacar os senhores Severino Cordeiro,
Arsênia Araruna e Zé Coração. Foto de Amilton Gomes Amorim

Demonstrativo do Balancete Financeiro 
de embarques e desembarques

Antônio Tomaz (piloto homenageado)

O  A E R O P O R T O (Os fatos e os acontecimentos)

POUSO FORÇADO EM CAJAZEIRASSonival Moreira dos Anjos, conta uma história, sobre um pouso forçado, de um avião da Varig, em Cajazeiras, em 1965. Eu estava na casa de vovô Antônio Francisco, era oito horas da noite e, de repente, a Difusora Rádio Cajazeiras, interrompeu a programação e passou a transmitir, ao vivo, o pouso forçado de um avião. Minutos antes do pouso, tinha faltado energia em toda a cidade e, como o aeroporto, naquela época, não tinha energia própria, tinha se instalado um caos. O avião precisava pousar de qualquer jeito, certamente, não tinha combustível para ir para outro lugar, pois, este é o procedimento correto e nem o aeroporto dispunha do sistema de pouso por instrumentos. A transmissão da rádio era feita com alto grau de dramaticidade, tipo: "É pousar agora ou daqui a pouco no chão e amanhã debaixo do chão". A pista precisava ser iluminada, em questão de minutos, caso contrário, seria uma tragédia na certa. Foi aí, que o radialista convocou todos os taxistas e proprietários de automóveis, para fazerem este serviço. Apareceu carro aos montes, que foram posicionados com os faróis acessos, de tal forma, que toda a pista pode ficar clara dando visibilidade ao piloto, que pousou sua aeronave com relativa segurança. No outro dia, é claro, o piloto e alguns passageiros ilustres, estiveram na rádio, no horário do noticiário, comentando o acontecido e agradecendo ao povo de Cajazeiras, pela generosidade que tinham feito. Talvez, ninguém tenha feito uma filmagem do evento, más, com certeza, existe registro em jornais. Foi de arrepiar os cabelos... E, como foi!

Relato contado pelo senhor Sonival Moreira dos Anjos, transcrito por José Pereira de Sousa Filho.


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sábado, 14 de fevereiro de 2015

A falta de compromisso do poder público municipal de Cajazeiras com a cultura de seu povo.

Cleudimar Ferreira


Assim como a nossa antiga Banda Cabaçal, que não se sabe
se está ainda em evidência, foi também o Grupo de Reisado
que desde a década de 80, está desativado por falta 
de recursos financeiros, que viabilize 
suas atividades. 

A história da produção do quadro “Fundação de Cajazeiras”, em exposição no hall da biblioteca pública de nossa cidade, se confunde com aquele já batido e velho ditado que diz se você não vai a montanha a montanha vem até você. Ou seja, se do poder público que representa o povo e a sua história, não parte as iniciativas criativas de valorização da história desse povo, esse povo mesmo distante do poder, vem até a esse poder, propor, sugerir. Foi o que fez W. J. Solha, pintor da citada obra em destaque na entrada da Biblioteca Castro Pinto de Cajazeiras. 

Essa história envolvendo povo e poder representativo, também poderia ser vista como a que conta a relação da cultura com a falta de recursos públicos desse mesmo poder, para a sua produção e que também se norteia com a ausência de ação demonstrada dos nossos prefeitos constituídos, para com a cultura de nossa cidade. Um enredo que já prejudicou, e muito, a evolução da produção cultural de Cajazeiras; que tem sido uma constante nas administrações do nosso Município e que perpassa pelo confuso conceito de representação de povo. 

Sentados em seus gabinetes, olhando para uma inercia a frente, fruto da sua própria formação cultural; pautada no distanciamento quase total do interesse pelas manifestações artísticas de sua terra; e pela omissão de bons incentivos orçamentários para estes fins; os que administraram a cidade até os dias de hoje, segue sem nenhum compromisso com as manifestações culturais de sua gente. 

Destinar noventa mil reais para produções culturais, numa cidade como Cajazeiras, que tem demostrado historicamente toda uma pujança de produções nesse setor, é no mínimo ridículo, ou uma tentativa de subestimar a força criativa de seus artistas. E a cultura de Cajazeiras, pelo nome que tem e pela contribuição histórica que deu e tem dado a cidade nessas ultimas décadas, não merecia tanto. 

Está mais do que evidente, que não se pode pensar em produção cultural nesse país, sem a participação da contra partida da união, dos estados e municípios, pois cultura é uma expressão pública, viva, vinda do povo, destinada ao povo. Se ela tem esse vínculo tão aproximado com o povo é natural que os recursos para sua viabilidade, tenha sua origem do poder público que é quem representa esse povo.


A tela "Fundação de Cajazeiras" está exposta 
na Biblioteca Municipal, por acaso!

A destacada tela "Fundação de Cajazeiras" exposta na biblioteca,
não foi iniciativa do poder público 
municipal e sim, do
próprio autor, W. J. Solha.


Portanto, a destacada tela pintada por Solha, em exibição na biblioteca da cidade, é um símbolo dessa desconfortável falta de compromisso que nossos governantes tem tido com nossa cultura. Uma prova disso é que a destacada pintura, venerada por muitos que cultua a história da cidade, não foi uma iniciativa do poder público de Cajazeiras, e sim, do próprio W. J. Solha - autor da obra.

Numa conversa rápida que tive com o mesmo, se chega facilmente a conclusão, que se a iniciativa de pinta-la, não estivesse partido do autor da obra, talvez essa tão importante tela, não se encontrasse hoje no local onde está. Veja o que ele me respondeu, quando perguntei de quem teria sido a iniciativa para a concretização do quadro. 

Cleudimar, eu realmente morava em Pombal - trabalhava na agência do Banco do Brasil de lá - quando soube, pelo jornal A União, que estávamos - em 1964 - próximos do centenário de Campina Grande. Pesquisei o tema e fiz o quadro da fundação da cidade.” E W. J. Solha segue explicando com produziu a obra:

“Mal tive a obra comprada, vi que haveria, também, o centenário de Cajazeiras. Viajei até sua cidade e fiz contato com um intelectual local, de sobrenome Cartaxo - e que hoje me lembra Einstein. Ele me levou até o local de um clube junto a um lago ou açude e me disse que ali começara a cidade, a partir da casa que Rolim erguera - secundado por escravos. Falou-me da esposa dele, Mãe Aninha, e do filho de ambos, o futuro grande educador, Padre Rolim. Não havia fotos disponíveis, descrições, nada.”

“Ao rever o quadro, agora, em foto, me lembrei de que quando fui pintá-lo, me servi, para criar o Padre Rolim ainda bebê, de uma foto de Ana Valéria Bezerra Wanderley, filha de meu grande amigo Doutor Atêncio Bezerra Wanderley, acho que, na época, prefeito de Pombal. Criei o quadro em Pombal e o levei para oferecê-lo ao prefeito da época. Ele reuniu algumas figuras proeminentes de Cajazeiras, inclusive a já famosa Íracles, para apoiá-lo ou não na compra. Feito o pagamento - algo como 150 mil cruzeiros, que imagino valendo hoje em torno de 400 ou 500 reais, voltei para Pombal e nunca mais revi a tela. Que gostaria até, se fosse possível, de restaurar, sem nenhum custo para a cidade, a não ser o do transporte.” 

E conclui W. J. Solha: “Os dois quadros - Fundação de Campina e Fundação de Cajazeiras - foram derivados da Fundação de Sorocaba(onde nasci), feita apor Ettore Marangoni, obra bastante respeitada, na época, hoje não sei, com direito à réplica do fundador em bronze, numa praça central, constante reprodução nos jornais e até nos cadernos escolares que eu tive.”






quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Igreja guarda antigas pinturas que talvez seja de autoria do Padre Rolim.

por: Cleudimar Ferreira


Imagem atual da Igreja de Cococi/Ceará, construída em 1771.


O historiador cajazeirense Deusdedit Leitão, dedicou em “O Educador dos Sertões”, um capítulo aparte para desmistificar a precipitada, embora bem intencionada frase: “Padre Rolim era também pintor”, citada pelo Padre Heliodoro Pires, no seu livro “Padre Mestre Inácio Rolim”, que é considerado um dos primeiros arquétipos de ensaio biográfico sobre a vida e obra do Padre Rolim.

No livro que foi editado pela primeira vez em 1916 e reeditado com uma versão mais atualizada, em 1990, por Sebastião Moreira Duarte, o Padre Heliodoro Pires, com a sua direcionada frase, quis elevar mais ainda do que já era naquela época, o nome do Padre Rolim, ascendendo uma polêmica ao assegurar que informações colhidas junto ao Padre Silvano de Sousa, na época vigário de Tauá/Ceará, que o Padre de Cajazeiras depois de sucessivas viagens a Cococi, também no Estado do Ceará, tinha feito pinturas na igreja daquela cidade; e que as referidas pinturas tinha sido preservadas por ele, após sucessivas reformas feitas na citada igreja.

São essas as únicas gravuras preservadas, existente na igreja de Cococi/CE.  
Segundo confidenciou o Padre Silvano de Sousa ao Padre Heliodoro Pires, 
elas talvez teriam sido feitas por Padre Rolim.


Outro autor a acrescentar também a figura do Padre Rolim, devaneios dons para habilidade artística, foi o Cônego Florentino Barbosa, que em um artigo escrito sobre as relíquias deixada pelo Padre Rolim, descreveu que em um missal confeccionado e deixado pelo padre e manuseado por ele, encontrou um quadro pintado a lápis executado pelo referido sacerdote, cuja temática religiosa explorada, representava a morte de Cristo, assistido por São João e Nossa Senhora.

Cauteloso com essas afirmativas, Deusdedit em “O Educador dos Sertões”, foi objetivo ao tratar do assunto: “Não podemos, conscientemente, atribuir ao Padre Rolim esse mérito artístico de pintor”. E acrescenta “Poderia ele (se referindo ao Padre Rolim) quando muito, ter se dado a trabalho rudimentares na falta de profissionais que executassem as tarefas circunstancialmente exigidas em sua atividade de educador e capelão”.

É evidente que tanto Heliodoro Pires como Florentino Barbosa, por falta de uma maior vivência e de conhecimento do que seja o processo de criação artística; principalmente no caso do Cônego Florentino, que devia perceber que pintura não se faz com lápis e sim com tinta e pincel, e que com lápis só se faz desenho; tenham se arriscado em atribuir ao Padre Rolim, esse feito, esse dom, em um tempo em que a Paraíba, o muito que se produzia nessa linguagem, era as elementares pinturas de retratos, executadas por isolados artesões da fotografia, atuantes principalmente nos centros mais desenvolvidos do Estados. Fora isso, os poucos trabalhos de pinturas elaboradas prioritariamente nas Igrejas pelo interior da Paraíba, são quase todas de autorias de aventureiros artistas vindos de fora.

Imagem antiga da Igreja.
Não é de se contestar, que durante eras e tempos se tem achado na população de Cajazeiras, um notório vocacionado pelas letras e artes. O próprio Padre Rolim é um exemplo desse antídoto que se parece ter o sangue dos cajazeirenses. A sua história é uma prova disso, mas como afirma o preciso historiador Deusdedit Leitão, os pretensos Remígios de pintor que por ventura havia no padre, talvez tenha inclinado o mesmo a aventurar por essa habilidade. E assim, soberbamente, o padre tenha escolhida a igreja de Cococi/CE, como espaço para expressar esse sentimento. Ação comum daqueles que por curiosidade se arrisca pela primeira vez a explorar o seu lado artista.

Se essa foi a vontade do Padre Rolim, de querer experimentar a execução de uma tarefa que ele achava que naquele momento estava apto a fazê-la, foi solidária a sua atitude e merece dentro da história o seu registro, mas assegurá-lo o título de artista, ou de pintor como quis o Padre Heliodoro, é no mínimo uma atitude visionária e descabível dentro do conceito que se tem, sobre o que é um ser um artista.

Na busca de informações que teste ou não a frase escrita pelo Padre Heliodora Pires no seu livro, procurei pesquisar sobre a existência da Igreja de Cococi/CE e das tais pinturas atribuídas ao Padre Rolim. De fato, a Igreja construída em 1771, ainda existem, embora a cidade tenha sida extinta por força de um decreto federal. No interior da mesma há umas gravuras de estilo não definido, de temática religiosa – percebe-se claramente ser imagens de anjos, que parece não ser recentes, já que a coloração dos desenhos inclina para um tingimento antigo, desgastados pelo tempo, impregnado em um reboco que já absorveu várias camadas de cal.

Observando bem as imagens, é visível que o interior da igreja passou por várias reformas e pinturas durante décadas e que as gravuras existentes no seu interior, parece terem sidas preservadas. Se esses são os tais desenhos atribuídos ao Padre Rolim, só uma investigação mais apurada no local, poderá afirmar se os mesmos foram feitos ou não pelo mesmo, na época em que era vivo.

Visão geral da nave principal da Igreja.

OUTRAS IMAGENS DA IGREJA DE COCOCI/CE












referencias:
ROLIM, Vida e Obra do Padre. Edição Comemorativa aos 200 anos de nascimento do Padre Inácio de Sousa Rolim. Senado Federal, Brasília, 2000.
LEITÃO, Deusdedit. O Educador dos Sertões.  Gráfica Estado do Piauí, Teresina, 1991.
PIRES, Pe. Heliodoro. Padre Mestre Inácio Rolim. 2ª ed. atualizada por; Sebastião Moreira Duarte. Gráfica Estado do Piauí, Teresina, 1991.