terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Velhos Carnavais

Francelino Soares para o Gazeta do Alto Piranhas




Carnavais… Ah! Os Carnavais doutrora, dos nossos tempos, do meu tempo… Quando ainda o uso dos lança-perfumes não fora proibido, ele era usado livremente nos desfiles carnavalescos, tanto por adultos como por crianças, em bailes carnavalescos realizados nos clubes e nos desfiles, conhecidos como corsos, pelas principais vias da cidade.

A título de curiosidade, o uso do solvente químico de poder entorpecente teve início em 1904, na Argentina, sendo incorporado ao Carnaval do Rio de Janeiro, em 1922, quando da instalação da fábrica Rhodia, em São Bernardo dos Campos-SP, que passou a produzi-lo em escala comercial, em ampolas de vidro – mais modestas – e/ou de metal, a Rodouro, destinadas a um público de maior poder aquisitivo. Inicialmente, o lança-perfume era lançado nos carnavalescos que se inebriavam tanto pelo seu agradável odor, como pela euforia que causava no ambiente, porém, quando passou a ser inalado, às vezes até ingerido junto com bebidas, o seu uso começou a provocar vários e sérios problemas. Foi Flávio Cavalcanti, antigo apresentador de TV, que recomendou ao presidente Jânio Quadros, em 1961, a sua proibição, que foi de pronto aceita, exatamente pela ocorrência detectada de extrema dependência emocional e de saúde naqueles que a inalavam, o que, algumas vezes, chegou a resultar em mortes.

Nos anos 40/50/60, o Carnaval em Cajazeiras ficava restrito a três frentes: os bailes no Cajazeiras Tênis Clube e no 1º de Maio – pela manhã, destinados ao público mirim e, pela noite, aos adultos; os famosos corsos, que passaram a ser proibidos quando de uma grave crise ocorrida no abastecimento de petróleo; e os “blocos de sujo”, estes direcionados ao grande público, o que hoje se diria “povão”, que, de maneira saudável e divertida, eram organizados por foliões de primeira linha. Mas, o que nos deixa saudades são os corsos: originavam-se e tinham como seu “quartel general” na Praça Presidente João Pessoa: jipes, caminhões e outros veículos circulavam a praça, e os seus componentes, ao som de charangas, eram saudados com confetes, serpentinas e lança-perfumes.

Às vezes, o desfile estendia-se pelas ruas centrais da cidade, inclusive estendendo-se por onde houvesse um público assistente. Não era sem razão que os boêmios mais atrevidos organizavam os seus corsos, partindo da Rua do Dr. Coelho e indo em busca do Posto dos Veados, saída para o Ceará, para retornarem pela chamada Rua do Frege… Sim, aquela mesma, por detrás do cemitério, onde se encontravam as “mulheres de vida fácil” que, de fácil, só tinham mesmo o nome, mas que, à sua maneira, faziam o seu Carnaval. Tirando esta parte, os corsos e os desfiles de blocos faziam a alegria daqueles que os acompanhavam, num tempo em que reinava a paz e em que não havia a violência descabida que hoje campeia pelas ruas. Bons tempos aqueles!…

fotos: Acervo Francisco Alves











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