domingo, 1 de janeiro de 2017

O Inicio dos anos 70 e a movimentação do TAC sob a direção de Íracles Pires.

Cleudimar Ferreira

Íracles Pires (in memoriam) - Dirigiu do TAC entre os anos 70 e 80

A teatro em Cajazeiras saía dos anos 60, com a perspectiva de crescimento do Grupo de Teatro Amador de Cajazeiras - GRUTAC. O novo grupo cênico, despontava por traz das cortinas do improvisado Teatro Diocesano, já na dianteira da nova vanguarda das artes cênicas do interior do Nordeste, sob a direção de Geraldo Ludgero e Ubiratan Di Assis. Nessa expectativa, a década de 70 surgia, com a imprensa paraibana destacando o regresso do Rio de Janeiro, da diretora do Teatro de Amadores de Cajazeiras – TAC, Íracles Pires. 

Afastada por um certo período da cidade, ela voltava; e ao chegar a aldeia dos Rolins, retomou as suas atividades no TAC, passando em seguida a movimentar o principal grupo de teatro amador cajazeirense, cujas encenações na sua biografia, eram quase sempre pautadas nos clássicos gregos e na temática regional nordestino. O TAC nessa época, gozava de um certo prestigio e segundo a imprensa, era apontado pela comunidade teatral da região, como um dos mais homogêneo do sertão paraibano.

Enquanto isso, o GRUTAC construído sob o impulso das atividades estudantis e dos movimentos de resistência ao golpe militar - repressor, que marcava a sociedade civil de modo geral através da censura, se consolidava quanto grupo teatral, encenando textos políticos, educativos que despertava no público um avivado envolvimento com as questões sociais, políticas, ideológicas e culturais que passava o país nos anos 70. Íracles Pires, nesse contexto, com todo seu ecletismo - era além de teatróloga, também radialista e relações públicas da Difusora Rádio Cajazeiras; se mostrava distante desa estrutura politica, porém atenta aos fotos de sua época. Irrequieta e determinada, Íracles não media esforços quando o assunto era a promoção e a produção de arte na cidade, seja em que linguagem fosse.

Ao chegar do Rio nos primeiros anos 70, trouxe consigo ideias novos e passou a mudar o foco das encenações do TAC com texto de autores contemporâneos, embora ainda presa a mandala dos velhos clássicos gregos e a temática regional nordestina, tão bem representada nas peças escritas pelo teatrólogo paraibano Ariano Suassuna. As mudanças incrementadas no TAC por Íracles, possibilitaram a construção de textos variados como foi o caso de “Fui eu, mais não espalhe”, que aglutinou um picotado texto com trechos de autores, como Camões, Shakespeare, São Francisco de Assis, Augusto dos Anjos, Florbela Espanca, Gonçalves Dias, Vinicius de Moraes, Pompílio Diniz, Rubem Braga, Augusto Frederico Schmidt, Bach, Strauss, Jorge Ben Jor, Martinho da Vila e Roberto Carlos. Uma verdadeira salada poética-musical de autores, de causar impacto e estremecer o as bases do teatro sertanejo.

Na segundo metade de 1971, Íracles Pires, saiu do aspecto musical que caracterizou a montagem de “Fui eu, mais não espalhe” e voltou ao classicismo dos textos consagrados, e monta uma adaptação de sua autoria do texto: "A Dama do Camarote" de Castro Vianna. A peça preencheu o ego do resumido meio teatral cajazeirense, e ao levantar asas, foi pousar sem nenhum receio ou preconceito, no palco do Teatro Santa Roza, em João Pessoa, entre expectativas e curiosidades do público pessoense, que aguardava com vivo interesse, a visita do Grupo de Teatro Amador de Cajazeiras - TAC na capital. Pouco dias depois, o TAC e Íracles Blocos Pires, seguiram em direção até a cidade de Alagoa Grande. onde a convite da direção do Festival de Teatro do Brejo Paraibano, mostrou ao público daquela cidade e da região do brejo, a performance do teatro amador sertanejo.  .

"Fui eu, mais não espalhe" primeira apresentação no Cine Teatro Apolo XI. 
Elenco: Jandira, Luiz, Toinha, Jú Coelho, Valdenez, Nogueira, 
Luzinete, Lamércio, Reginaldo, Do Céu e Lidemar.


Em 11 de julho de 1954, o Jornal Flash (primeiro órgão 
noticioso esportiva da Paraíba) que pertencia ao Atlético Cajazeirense 
de Desportos, anunciava apresenta do TAC nas festividade 
alusiva ao cem anos da cidade de Sousa.




fonte: Jornal A União

Um comentário:

Edilson Dias, ator disse...

Fecundo útero da dramaturgia brasileira

Somos dádivas e bendito frutos da placenta de venerável atriz Iracles Pires.

Imortal.

Ela nos dá alento para com as raízes do Teatro popular nordestino que legou a nós outros. Próceres atores paraibanos da gênesis de a nossa Grande planície sertaneja.

Fixa em o proscênio da nossa Arte de representar adágios e alegros em o nosso imaginário sócio político.

Estético.

Erudito e popular.

Cromossomo a possibilidade de sermos [configurada legião de autores dramáticos, encenadores, intérpretes, técnicos de espetáculos e diversões. Todos os produtores e os promotores das nossas audiências em Palco & plateias] cosmopolitas.

Sem nos desvencilhar da nossa peculiar cultura regional do Nordeste brasileiro, espezinhado e revisto naquele intercurso à travessia que nos interpunha em choque para com a explosão comportamental. Ido nos anos sessenta e após decorridos os anos setenta.

Não há como não separar, hoje, o joio do trigo.

Caso contrário, extasiado teríamos sido soterrados por a diáspora de o regime de exceção civil/militar. Naquele tempo, teríamos ficado jazidos.

Inertes? Nonada!

O quão optamos resistir, coesos.

Entrincheirados por a Fortaleza ICA, nos firmamos a sempre dizer presente à coletiva inquietudes da sociedade brasileira em franca ebulição.

Equidistante nos Sertões bilíngue: por sobre os púlpitos latinistas e/ou estrados salesianos por nós adaptados.

Quão as transliterações apreendidas por a nova gramática da
Língua portuguesa:

Flor de Lácio,
ao longo dos anos de maturadas musculaturas trágico dramáticas.

Lições cotidianas do Apóstolo Padre Rolim,
do cinéfilo Dom Zacarias,
do místico / misto de Justiceiro e Padre secular, Raimundo Honório Rolim.
Segundo as prosopografias da escritora, jornalista, concidadã Iracles Pires.

Entre as liturgias do cineclubismo em pequena tela 16mm
& a tela maior, em 35mm do Cine Apolo XI.

Enquanto a Conquista sideral enamorava o nosso Luar do Sertão.
Comparticipes nos ermos de rebeladas comunidades eclesiais.

A base dos círculos operários, sindicais.

Ruralistas ligas no campo, cidades e cúria diocesana
aglutinaram tamanho números de voluntários teatristas.

Magnetizados por susceptíveis agitações políticas
udenistas propagandas e/ou interpostas barricadas estudantil.

Espelhada locomotiva às Artes cênicas paraibanas.

Exemplária quão o poema dramático shakespeariano

"A Tempestade",

Bafejava-lhe em as unidades de tempo, lugar, ação,
conflitos e intrínsecas reflexões.

Hiper geratriz no seio da
Autora dramática Iracles Pires.

Ela se constituiu para a nossa geração;
sem mordaças;
soberana força motriz.

Expresso este singelo preito de reconhecimento
na pele cabocla deste modesto ator brasileiro,
itinerante por o nosso Sertão paraibano
que me viu nascer em Brejo do Cruz,
para me tornar coadjuvante d'A Pietá.

Sempre por nos somar ao Grande ELENCO RENASCENTISTA
dos intérpretes cajazeirenses que ICA nos gestou.

Uníssono congratulados
em face do tributo que a soergue em o nosso Templo /

O TEATRO IRACLES PIRES
nos concede Sombra e luz.

Imanentes público teatral e perpetuidades dionisíacas.

Com Irácles Pires, evoluímos.

Evoé!