terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O TEMPO É DE UNIÃO.

Cleudimar Ferreira




O Desenvolvimento das linguagens artísticas em Cajazeiras andou sobre um mar de rosas no período em que seus agentes promotores desconheciam, ignoravam ou desproviam de certos sentimentos partidários. Foi um tempo áureo, romântico e apaziguador, onde se produzia arte pela arte; arte por prazer; ou arte por necessidade de alimentar a sensibilidade que todo artista traz dentro de si.

Mas esse tempo já se foi, passou, e esse modelo de entender produção cultural passou também por Cajazeiras. Hoje, a fórmula empregada na criação artística é outra, foi renovada, tem outra cara. É outra, porque seus agentes descobriram que nesse presente mar de rosas, há outro sentido de se realizar arte e não mais aquele que possibilitava sonhar, viver e fazer. Mas perceber que a arte também dar outro vocacionado, o da comercialização ou da barganha política. Esse pensamento não é exclusivo de uma só cidade, ele enraizou pelo país inteiro e tem envolvido gente que produz arte, gente do bem que produz cultura. Cajazeiras é apenas parte desse contexto.

Nessa conjuntura, o que me parece inquietar a classe produtora de cultura em Cajazeiras, também causa ansiedade nos que no passado entendia essa modelo de produção cultural por outro viés. É o que me parece, o caso do novo Secretário de Cultura de Cajazeiras, Ubiratan di Assis, que atuou na cidade em uma época que o fazer arte, era acima de tudo, o de se fazer viver e não de viver da arte, como os dias atuais evidenciam e demandam fazer.

Não se pode esconder o que não pode ser desconhecível. Também é o caso da gestão cultural atual na terra do Padre Rolim que, ignorando os ensinamentos do passado, revivido hoje pela velha guarda artística, esqueceu essas boas instruções de modelos de gestão, em troca da partidarização da cultura na cidade e concomitantemente, da divisão da sua classe artística, em uma nítida impressão de ofuscamento da nossa história cultural.

Nesse jogo, com certeza, até que o tempo registre o contrário, Ubiratan não vai jogar. Por que? Porque a essa altura da linha, ele não vai querer perder ou deixar para trás tudo o que realizou e o que tem realizado dentro do movimento cultural cajazeirense. Mesmo vivendo em um quadro promíscuo, que demanda e acena para a libertinagem da politização artística, em detrimento da ética do fazer e da realização de políticas públicas culturais sadias, em um jogo aberto e democrático. Pois, somente se entende que o fazer artístico, não deve e nem casa bem com partidarização política.

Está claro que Bira não vai entrar nesse jogo pois, esse não é o momento e nem é esse jogo que interessa a mobilidade cultural de Cajazeiras. O tempo é de união! Isso, ficou evidente na resposta que deu ao repórter do site "Resenha Politika". Inquirido sobre os desafios que irá encontrar a frente da Secretaria Municipal de Cultura, ele assim respondeu:  

“É um grande desafio! Esse desafio que eu começo a partir de segunda-feira, eu quero contar com apoio de todos seguimentos de cultura de Cajazeiras, seja ele no teatro, na dança, em artes plásticas, na literatura. Eu quero, vim, para não dividir, para aglutinar, para somar com as pessoas. ”

“Vamos, a partir da próxima semana criar uma agenda de reunião, ouvir todos segmentos culturais, e a partir da aí, vamos criar um projeto cultural com foco na ação cultural de cajazeiras. Não vai ser um foco especifico meu, mas a contribuição dos diversos segmentos. Cada um tem voz e vez, para construir uma política cultural em Cajazeiras dentro dos anseios que essa terra sempre pede. “

Continuou afirmando em tom reconciliador: “Não tô aqui para levantar a bandeia de picuinhas, partidárias, políticas. Eu tô aqui para juntar força e segmentos culturais, políticos ou não, E numa política cultural com foco mais amplo, prague a gente junto, construa um bom trabalho afrente dessa secretaria. “

E acrescentou: “Eu dizia a pouco tempo aqui, que eu não tenho idade mais para essas vaidades de cargos. Isso não me interessa! O que me interessa é o fazer, é a ação cultural, que me interessa. ”

Finalizou dizendo: “E não só, porque só você não faz nada, faz com um conjunto de pessoas, e essa construção, e esse chamamento, essa convicção de que juntos seremos fortes, nós iremos com certeza fazer um grande trabalho cultural na cidade do padre Rolim.“




fonte: entrevista a Luiz Vilar - Resenha Politika

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