terça-feira, 18 de junho de 2019

Morre Raimundo Ferreira, empresário cearense benfeitor de Cajazeiras.



Faleceu, ontem, aos 88 anos de idade, em Juazeiro do Norte, Ceará, onde será sepultado hoje à tarde, o empresário Raimundo Correia Ferreira, natural de Várzea Alegre, no Ceará, que fez estudos na Paraíba e se instalou como grande empreendedor na cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão, com investimentos como a Viação Brasília e a Estação Rodoviária. O pioneirismo de Raimundo Ferreira e seu tino para os negócios são destacados em depoimentos de personalidades que conviveram com ele. Da mesma forma, há o registro da falta de sorte com a política. Por duas vezes, candidatou-se a prefeito de Cajazeiras e, nas duas ocasiões, foi derrotado – a primeira, em 1963, concorrendo pelo PSB, para Francisco Matias Rolim, a segunda, em 1968, por Epitácio Leite Rolim. Raimundo Ferreira se declarava “um apaixonado” por Cajazeiras, mesmo tendo tido insucesso na política. Mas, após as derrotas eleitorais, fixou-se no Ceará, indo a Cajazeiras esporadicamente.

Ele iniciou os estudos na própria cidade de Várzea Alegre, transferindo-se, posteriormente, para Campina Grande, onde os concluiu no Colégio Alfredo Dantas por volta de 1949. Na época, a carreira preferida entre os estudantes interioranos era Medicina e Raimundo Ferreira não fugiu à regra, mas sua vocação era, mesmo, a de ser empresário. Instalou uma difusora com alto-falante e uma pequena indústria em Várzea Alegre, no Cariri paraibano. Viabilizou empreendimentos como Rápido Juazeiro, mas foi com a Viação Brasília que ganhou projeção como empresário de transporte de passageiros. Incursionando pelas cidades cearenses de Juazeiro do Norte e Crato, fez sociedade com outro empresário, fixado em Várzea Alegre, que durou até 1957, quando se mudou para Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba. Costumava dizer que “foi amor à primeira vista” por Cajazeiras e levou essa “paixão” a sério, como uma espécie de compromisso, passando a se destacar como benfeitor da população da cidade.

Amigo pessoal do então presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, tanto assim que homenageou a Capital federal erguida pelo governo dele no Centro-Oeste do Brasil no seu empreendimento rodoviário mais bem-sucedido, Raimundo Ferreira passou a ser cortejado por lideranças políticas de oposição em Cajazeiras para ingressar na atividade, concorrendo à prefeitura. Na segunda disputa à prefeitura, teve como candidato a vice o comerciante José Donato Braga, de prestígio no meio social da cidade. Raimundo, apesar dos melhoramentos carreados para Cajazeiras, não tinha, na opinião de líderes tradicionais, o perfil característico do político. Não era de dar tapinhas nas costas de eleitores, muito menos de fazer promessas mirabolantes. Era homem de ação, coerente com a sua formação empreendedora, e foi derrotado com maiorias expressivas numa conjuntura em que Epitácio Leite e Francisco Matias Rolim alternavam-se na hegemonia política na cidade de Cajazeiras, como lembra o escritor Francisco Sales Cartaxo Rolim em seu livro “Do Bico de Pena à Urna Eletrônica”. A notícia da morte do empresário Raimundo Ferreira causou grande consternação na cidade de Cajazeiras.

Nonato Guedes



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